quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A Aurora e o Azul

Embora o céu seja azul, às vezes eu o enxergo verde. Eu gosto daquele verde sem muitas variações nos tons, aquele verde apagado que ninguém conhece e apenas eu enxergo. Para falar bem a verdade, meu céu já teve diversas cores. Um caleidoscópio colorido, talvez.

Cada cor tem me trazido um sentimento diferente, uma energia diferente, uma sensação diferente. Este novo céu verde me traz uma alegriazinha gostosa e batimentos cardíacos mais frenéticos. Mas não adianta. O que realmente me tranquiliza e me faz sorrir com a alma é aquele céu onisciente. Não me importo que ele esteja nublado, estrelado, claro, limpo ou até mesmo cinza. O meu céu sempre será azul, embora eu o veja na cor verde.

Neste feriado descansei, deitei na grama verde e olhei para o céu que, por sinal, estava num azul marinho lindo. As nuvens tapavam um pouco sua real essência, mas ainda pude descobrir um pouquinho de sua exosfera misteriosa e pensar que não quero ser a Aurora de Bóreas. Quero ter a licença poética de ser a redundante Aurora do Amanhecer azul.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Eu chorei

Hoje amanheci conversando com um cara que nunca vi na vida, que me perguntou coisas que ninguém ainda havia perguntado. Uma delas foi: "O que realmente está acontecendo?"

Antes de responder a esta pergunta, por um segundo eu chorei, o abracei, chorei mais um pouco, o abracei novamente, ele acariciou minha cabeça, eu voltei a chorar e aos prantos contei a ele tudo que estava se passando. Não contei da dor física, mas da dor emocional que abriu aquele buraco no coração. Aquela dor que o Floriny não acalmaria.

Ao passar deste segundo, eu realmente abri meus lábios e aleguei dor no peito, no braço esquerdo e fiz um breve comentário sobre minha vida atual.

E sem derramar uma gota de lágrima, eu chorei.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pais separados

Tenha apreço por famílias estruturadas, amo aqueles pais que fofos que dormem juntos até a velhice, onde às vezes o pai cede, às vezes a mãe cede. Quando discutem são por coisas bobas e três vezes por semana sem uma frequência lógica. Aquele tipo de pai e mãe que se chama pelo nome ou criam apelidinhos fofos que os filhos riem, mas que na verdade tem uma drástica besteira por trás de tudo aquilo que só cabe aos dois saberem... Uma brincadeira de adolescente que ficou para a vida toda.

Muitas vezes a filha puxa à mãe e o filho puxa ao pai. Às vezes eu que puxei mais ao meu pai, horas acho que puxei mais à minha mãe. Mas tem horas que eu me sinto Carolina Cruz, aquela que captou pequenas características de todas as pessoas que a rodeia ou que observa na TV, na internet, nas ruas ou aquele cara que sentou ao seu lado naquele ônibus turbulento às sete horas da manhã do meio de uma semana.

Hoje em dia eu tenho tido muito contato com pessoas com seus pais separados. Tem gente que não gosta da madrasta, tem gente que não gosta do padrasto, tem gente que não está nem aí e tem gente que adora a situação atual. Eu adoro a situação atual, mesmo não sabendo que pé está. Sinceramente... Eu me desliguei. Eu quero muito namorar meu futuro marido e me casar com meu antigo namorado.

Eu quero ter aquela vida estruturada com aquelas discussões bobas que terminam quando o lado errado nos vem com uma bebidinha que a gente gosta como um pedido de desculpa singelo. Eu quero aquela vida estruturada onde cada um cede aleatoriamente para que conflitos sejam abafados, sem nenhum jogar nada cara do outro o que foi deixado para trás. Sempre haverá outras oportunidades e se não houver, curta o que tem para hoje, saiba que ninguém está em uma situação por acaso. Eu quero aquela vida estruturada de deitar bonitinha junto com aquela pessoa que lhe disse sim e assistir a um longo filme e quando dormir ele apagar a luz e dormir do seu lado. Eu quero aquela vidinha estruturada onde os olhares são decifráveis e o diálogo flui num profundo silêncio. Eu quero isso.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Querido namorado

Aonde quer que você esteja, saiba que eu gosto muito de você. Embora eu suma de repente e nem dê sinal de vida, saiba que eu gosto de você o bastante para fazer um sacrifício por gostar mais do sentimento de saudade do que de você, talvez. Apesar de eu me acanhar durante os beijos que me dá em público, eu gosto daquela insistência gostosa que muitas vezes não resisto. Por mais que acabe não cedendo, quero que saiba que quando eu fecho meus olhos eu sempre acho que meus sentidos ficam mais apurados e tenho a sensação de estar retribuindo algo. Quando estou apenas guardando tudo pra mim. Nessa hora eu desvio meu olhar e faço uma cara de boba, disfarçando o que eu quero mesmo dizer. Eu acho que todos têm o poder de penetrar em minha mente e arrancar aquela palavrinha que falta naquela frase que pensei. Não é assim, eu sei. Eu insisto na sorte.

Não sei onde você está, mas aonde quer que esteja, não precisa ligar a todo momento para avisar onde está e com quem está. Não gosto de interferir naquela questão de que sua mãe provavelmente tenha lhe criado para o mundo. Embora as mães nos queiram embaixo das asas delas para sempre, elas sabem que uma hora a gente voa. E você não é meu. Então abrace seus amigos e suas amigas que, assim como eu, eles também gostam e querem seu afeto. Adoro observar os detalhes da felicidade alheia quando todos estão reunidos com os seus. Aquelas brincadeiras que parecem ser bobas, aquela falta de pudor e aquela intimidade que "atrapalha", mas que nos faz ser livre. Seja livre. E me dê notícias. Não quero saber onde esteve, mas quero saber como foi. Compartilhe.

Querido namorado, eu amo presentes. Me dê quantos você quiser. Guardarei, usarei, apreciarei o odor. Não sei o que tem ali naquela caixinha, mas sei que é para mim, porque o embrulho é da peculiar cor que só eu gosto. Mas quer saber um segredo? Eu gosto da sua essência. Eu amo roupas com laços, CD's daquela banda de nome estranho e perfuminhos com embalagens fofas de cheiro maravilhoso que têm data de validade preestabelecida. No entanto, nada é mais gostoso do que receber parte do dom de alguém. Existem namorados que são músicos, que são artistas plásticos, que escrevem colunas para jornal, que são engenheiros mecânicos ou que fazem artesanatos. Aonde quer que você esteja, se se lembrou de mim, não compre nada. Faça algo que lembre a minha pessoa. Uma carta, uma música, uma pecinha de ferro boba. Acredite. Eu guardo tralhas alheias para me sentir mais próxima. Se um dia der falta de algo, saiba que eu só quero estar perto. Lembre-se que sou viciada no martírio da saudade e não conseguiria suprir este desejo de sumir se não tivesse algo material para me sentir em paz aonde quer que você esteja.