sábado, 28 de maio de 2011

Galanteios juninos


Ela estava de vestido rodado rosa e roxo com um cinto cinza fofo com um laço no meio, uma meia calça marrom, uma sapatilha preta. Por conta do frio, botou um casaquinho curto de mangas compridas e botões. Uma caipira de estilo.

Ele, um macacão preto com uma das alças despregada, uma camisa azul clara abotoada de uma forma que o último botão ficasse solto, um chapéu de palha sem nenhum detalhe e um sapato preto. Um verdadeiro plebeu.

Os cabelos castanhos dela estavam soltos e um pouco ondulados por conta da umidade do ar. E sua franja estava disposta de uma forma que ficava toda para frente e ao mesmo tempo pensa para o lado direito. Ela tinha olhos castanhos esverdeados e bem delineados com a maquiagem fraca. Ela estava olhando para ele.

Os cabelos castanhos dele eram bem curtos e faziam um contraste muito bonito com a pele excessivamente branca o que destacava sua expressão facial. Ele tinha olhos azuis, verdes, não sei, eram claros e lindos. Quando ela o notou, seu olho esquerdo deu uma piscadinha.

Ela gostou.

Ele foi falar com ela.

A cena:

Em uma barraquinha estava dizendo: "Compre um doce e ganhe um beijinho!"

O diálogo:

Ele: Oi!
Ela: Oi, tudo bem?
Ele: Eu acho que vou comprar um doce.
Ela: Boa! Compre.
Ele: É verdade que se eu comprar um doce eu ganho um beijinho?
Ela: Sim! O da bandeja. (Ela sorriu)
Ele: Ah, mas e o seu?
Ela: Se você comprar um doce você ganha um beijo na testa, que é sinal de respeito.
Ele: Beijo na testa eu não quero.
Ela: Então se conforme com aqueles da bandeja. (Ela sorriu outra vez)
Ele: Ah... Então não vou comprar (Ele deu aquele sorrisinho que ela tanto gostava!)
Ela: Tudo bem. (Ela o abraçou)

Ela não sabe o nome dele.

Ele não sabe o nome dela.

E ao final da festa ela foi para um lado e ele foi para o outro.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Pleasure, Sarkasmus!

Faltam menos de duas semanas para entregar meu projeto de pesquisa do meu TCC sobre Gamification. Óbvio que estou super adiantada e terminando apenas alguns detalhes para poder entregá-lo e apresentar.

O mais engraçado é que venho pensado neste tema faz bastante tempo e já tinha noção do assunto que iria abordar. E cá estou eu no último ano realizando tal "profecia" acadêmica. That's great!

Sim, já tirei da minha mente a hipótese de fazer arquitetura, porque estou amando este curso e até posso visualizar meu futuro daqui a cinco anos. No entanto, agora o foco é o TCC. Cool!

domingo, 22 de maio de 2011

La Valse D'Amélie

Leia ouvindo esta canção, porque foi escrita da mesma forma.



4h26 - Domingo, 22 de maio de 2011

Estou chorando. Nunca uma música simples apenas tocada em um simples piano me fez borrar a tinta da caneta numa folha de caderno ou fazer minha letra tremer por conta dos soluços, mas eu nunca senti tanto desejo de estar ao lado de uma pessoa como hoje.

A única coisa que gostaria neste momento era que alguém entrasse por aquela porta agora e me dissesse que está tudo bem e me abraçasse. Estou no quarto e não quero que ninguém me ouça. Quem sabia decifrar o verdadeiro significado das descargas no banheiro está a 400km e de lá acho que não dá para ouvir o que um cômodo de 1,80m por 1,80m sente.

Saiba que eu tento suprir a saudade com outras atividades, mas nenhuma visita que eu dê ou receba é mais prazerosa que sua chegada em uma manhã aleatória. Neste momento, às 4h54, eu descobri o quanto é estranho poder entrar num quarto que agora é só meu sem ouvir a histeria do: "Tô trocando de roupa". E assistir Discovery Home & Health com estudante de Moda não é o mesmo que sua sabedoria baseada em tutoriais.

A hora que for, quando chegar em casa vamos fazer os nossos cupcakes e comê-los assistindo O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Nós duas.

Para uma garota que pensa. 5h03.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Amor por conveniência

Ela está gostandinho daquele cara que possui algumas semelhanças a ela e embora não compartilhem dos mesmos estilos musicais, o que mais a atrai não é a aparência (pecado), é a criatividade e algumas influências filosóficas. Não, ela não quer nada além de admirar seu perfil enquanto sorri, sua forma de sentar ao ler um livro, as duas vezes que ele morde o maxilar após tossir, sua maneira de falar que antecede qualquer interrupção e a autoridade que tem sobre ela. Uma espectadora emocionalmente tecnofóbica que não necessita da interação e do engajamento, apenas pequenas percepções hipnóticas.

terça-feira, 17 de maio de 2011

If it's not love, then it's the bomb

Não, ela jamais gostou tanto daquele bonitinho da sala de vidro ou do cara estranho que tocava um instrumento legal. Nem mesmo está falando sobre o cara que se tornou o melhor amigo.

Enfim, ela conseguiu "desgostar" aquele cara estranho com aspectos físicos que jamais chamariam a atenção daquela garota. O que mais atraía seu olhar era a maneira inocente com a qual ele encarava o dia-a-dia. Aquele interesse imenso em coisas pequenas e um imenso desprezo pelos detalhes. Sua praticidade! Era isso que ela gostava. E apesar daquela aparência gigantesca da qual ela tinha repulsa, o atributo carinhoso quebrava tal paradigma imposto por ela mesma. Sim, ela gostava mesmo dele. Ele fingiu ser seu namorado para ajudá-la. Ele a abraçou. Ela o abraçou. O que ela mais gostava naquele cara era a ironia e a frieza que ele tinha com os sentimentos dela. Ele riu quando ela chorou e isso a fez rir também.

Ela omitiu sua verdadeira paixão atribuindo seus olhos brilhantes e sua taquicardia ao bonitinho da sala de vidro para não admitir aquilo que nunca sentiu. Fugiu. E retornou apenas para dizer adeus. Ela está livre!

domingo, 8 de maio de 2011

Minha esquizofrenia alheia a mim

Prazer, sou Carolina Cruz. Uma personalidade da qual a disseminação se desintegra a cada olhar que a observa. Não estou brincando, são muitos olhares. Muitos pedaços. Uma convergência que não se converge em ponto algum. Simples de explicar, embora seja difícil de entender. Acredito, posso lhe explicar com detalhes este conhecimento sem um mínimo de entendimento, basta acreditar. Você acredita? Então dê sua mão.

Durante minha infância minha avó me criticava o fato de eu usar calças e shorts ao invés de vestidos e saias. Eu gostava de vestidos e saias, mas minha justificativa para não usá-los era que "não dá pra correr e subir na sua árvore, vó!" Ela não entendia. Vendo que a crítica às roupas não estava alavancando nenhuma atitude, voltava aquela velha novamente com a ladainha da babosa para os meus cabelos ficarem iguais ao da outra garota. Você acha que uma garota de sete anos em 1995 iria se preocupar com cabelos sedosos? Eu digo em 1993, porque hoje em dia as meninas nascem de maquiagem feita, sem hímen e com um pote de hidratante capilar nas mãos.

Mas afinal, descobri minhas diversas facetas em uma das minhas andanças profissionais. Sou de Pindamonhangaba, aqui as pessoas têm muitos tabus ainda. Então fui respirar outros ares e migrei para uma cidade maior, mais próxima à São Paulo, ou seja, pessoas com mente aberta e papos interessantes. Cheguei, falei com um ou outro, tentei ficar mais próxima das meninas para parecer legal, mas na primeira semana acabei indo almoçar com o cara que fumava maconha, outro que era fissurado em video-games, outro que curtia futebol e um maçon. Pronto! Formei meu grupinho de conversas no Gtalk, duplas para o Street Fighter de sexta na sala de cima e para os devaneios sobre todas as coisas do mundo. Cool! Minha motivação para o trabalho eram as pessoas, além do trabalho e das viagens à São Paulo onde eu voltava morta.

Lembra o que eu havia dito sobre as pessoas de mente aberta e papos interessantes? Puro engano. Através das minhas atitudes, até então, minha personalidade começou a ser lapidada por uma terceira pessoa ofuscada para mim, apesar de seu imenso tamanho. Então as amizades masculinas eram consideradas promiscuidade, meus assuntos sobre futebol e video-games eram considerados um pressuposto ao lesbianismo e quando decidi acabar com toda a palhaçada e me calar, cogitaram uma gravidez. Sim, a interação era leviana e a alienação gestacional. Pasmei com a quantidade de persona um indivíduo apenas pode possuir através de olhares alheios. Isso me afetou? Claro! Morri.

Não gosto do maniqueísmo imposto pela sociedade onde as mulheres devem ser boazinhas, cruzar as pernas e sorrir. Adoro me arrumar, cuidar do cabelo e falar sobre corpos masculinos e sobre o look horrível daquela garota da faculdade, mas não dispenso o futebol da sexta, as partidas de Mortal Kombat na casa do Tumaki, Kinect com a Morgana e as longas conversas sobre relacionamentos ideais com o Dogão. Se o feminismo extremo ainda paira sobre a doçura a la Victoria Secret's, pode queimar quantos sutiãs forem preciso. Não adianta! Determinação e atitude não combinam com voz de veludo. Sinto muito.