quarta-feira, 25 de julho de 2012

Marcha das vadias

"A gente é vadia porque a gente é livre"

Em longas conversas com uma amiga, vivíamos falando sobre o fato de um dia amadurecermos e entendermos que sexo no primeiro encontro é algo normal e digno de pouco julgamento.

Discorrendo sobre tal fato eu me peguei contradizendo minhas palavras libertas através de atos puritanos de abrir as entranhas da oratória com o simples objetivo de afastar aquele tarado do primeiro encontro.

Sou adepta da boa conversa, dos olhares que despem e das mãos perdidas nada bobas. Gosto da madrugada misteriosa e da praça vazia. Gosto do que é singelo. Mais do que qualquer frase capciosa, sou atraída pelo silêncio acompanhado do sorriso no canto da boca e a cabeça pensa para o lado esquerdo. A neurolinguística é afrodisíaca.

A cada encontro me sinto uma virgem que morre de medo a cada minuto que passa, que muda de assunto quando percebe a proximidade, que perde a linha de pensamento quando a mão cai ao ombro, que gosta do beijo e ao mesmo tempo quer sair dali o mais rápido possível, por saber que o beijo é a melhor preliminar, mas quer continuar ali, porque querer sentir o prazer da preliminar.

E sem precisar caminhar em avenidas reivindicando minha liberdade, me descobro livre. Seria eu uma vadia?

sábado, 14 de julho de 2012

O Fim

Ela abriu a porta da sala, pegou sua mala, deu um beijo na irmã, disse tchau pro irmão e se foi. É escuro. Aos poucos sua imagem foi se tornando uma silhueta muito bonita dentro da neblina fria. Era frio. Ela estava agasalhada, eu sei. Mas o instinto materno fez uma lágrima escorrer.

Respire.

Talvez ela quisesse uma companhia. Lá estava a mãe, o pai e o irmão.
Talvez ela estivesse implorando um abraço. Eu dei. Às vezes mentalizar o abraço chega a ser mais forte que materializá-lo. Será que ela mentalizou também?
Não gosto de abraçar sozinha.