quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Ter ou Não Ter Namorado, Eis a Questão!

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.

Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.

Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.

Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.

Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.

Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.


Arthur de Távola, atribuído a Carlos Drummond de Andrade

Destino...

Ontem, em conversa com dois grandes amigos, pude perceber quão presente está o destino em nossas vidas. É mesmo! A coisa é tão complexa que citarei o período da nossa filosófica conversa:


Jorge: "Pô, foi tão bom conhecer você, sabia?"
Carol: "Ah, muito obrigada, também fiquei muito feliz em conhecer você, pode ter certeza."
Jorge: "O César eu já conheço. Lembra de quando eu tinha um barzinho lá na frente da escola?"
César: "Lembro, lembro sim!"
Jorge: "Agora pensa comigo. O que você acha disso. A gente se conhecia de vista, mas nunca tínhamos nos falado. Você sempre vem aqui, mas nunca trocamos uma palavra. E hoje descobrimos ter tanta afinidade. Não é esquisito?"
César: "Ah, não sei. Pode ser também uma mera coincidência, mesmo porque, a cidade é pequena, a gente vê a mesma pessoa diversas vezes..."
Carol: "Sim, mas você concorda, que uma coisa é você ver a pessoa diversas vezes e nem se importar com ela. Outra coisa é você ver a pessoa, saber que têm amigos em comum, sentar na mesma mesa e descobrir que seu Santo bateu com o dela."
César: "É, bem por aí mesmo. Eu pelo menos, gosto de ficar perto de pessoas das quais estejam no mesmo nível que eu, digo espiritualmente."
Carol: "Eu também, acho bem bacana isso. Eu conheço o César faz tempo, minha mãe é bem amiga dele há mais tempo que eu, eles estudavam juntos."
Jorge: "É, sua mãe disse mesmo."
César: "A Rosana é uma figura."
Carol: "Ah, vocês estavam falando sobre destino e tal. Tem um fato que aconteceu comigo há um tempo. Eu tinha conhecido um cara numa festa, nós conversamos, mas ficamos só nisso mesmo. Uns dois meses depois, eu estava voltando da faculdade de van, até que a gente parou para pegar um cara que voltaria com a gente. Levei um susto! Descobri que o cara era o mesmo que eu havia conhecido na festa. Descobri que ele fazia faculdade no mesmo prédio que o meu. Descobri também que tínhamos uma certa afinidade. Estamos namorando há 5 meses."
Jorge: "Meu, que lindo! Juro, não é brincadeira, fiquei emocionado mesmo, viu. Eu adorei conhecer você, sua mãe."
Carol: "Muito obrigada!"
Jorge: "Não precisa agradecer, é de coração mesmo."
Carol: "Bom, estou indo, tchau!"
César: "Tchau!"
Jorge: "Tchau!"

Agora cá estou eu aqui pensando. O livre-abítrio talvez seja uma forma sutil de mascarar o fato de que nossas vidas são um labirinto onde só há um caminho que nos leva ao final.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Dialogando Num Quarto Cor-de-Rosa

"Olha só o que eu achei! Você não chegou a ver, né?!"
"Ah, não. Posso ver?"
"Eu fiquei de te mostrar faz tempo mesmo. Pode abrir. Senta."
"Hum... Legal!"
"É. Eu vou guardar na minha caixa."
"Isso fez bem pra você?"
"Sim, me deixou feliz, sabe?!"
"Então guarda."
"Pronto!"
"Isso já passou, né?! Vem cá, me dá um abraço."
"Te amo."

Verbo To Be

É engraçado o fato de as pessoas acreditarem piamente no quão veraz é o verbo Estar sem levar em contar que o verbo Ser é o mais relevante quando se diz respeito à moral de um ser humano.


Lembro como se fosse ontem das histórias macabras do Maníaco do Parque. Aquele cara que mostrava ser um honesto fotógrafo, com boas intensões sobre suas modelos, simplesmente o genro que toda mãe gostaria de ter. Além de parecer um tanto atraente (Urgh!). Ninguém sabia, mas dentro daquele pobre homenzinho havia um grande Serial Killer. Uma ou outra de suas modelos estão por aí, andando pelas ruas, com cicatrizes emocionais crônicas. E ele? Parabéns! Mostrou-se o homem mais honesto... E era?


John e Yoko. Não conhecia muito a história de amor deste casal até estar lendo o livro "A Balada de John e Yoko" que a propósito é muito bom! Mas voltando ao contexto. Sem guerras e sem bombas ao redor do corpo, faziam Bed-ins for Peace. Lançaram o álbum Two Virgins do qual John fez uma foto caseira dele e de Yoko nus. A tal da "obscenidade" foi tão sutil, mas tão sutil, que John e Yoko pareciam vestir-se de Yoko e John. E a imoralidade não foi tão imoral.


Algo a difamar?