domingo, 25 de dezembro de 2011

¡Feliz Navidad!

Lembro que na festinha de fim de ano da pré-escola os alunos eram divididos em duplas e cada duplinha representava um país do mundo. Eu e meu coleguinha éramos da Espanha (bem sugestivo, teoricamente) então nos vestimos de espanhóis, subimos no palco e gritamos (sim, gritamos) "FELIZ NAVIDÁÁÁÁ!" É lindo e não existem mais essas coisas legais em escolas. E hoje em dia, se em dia uma professora da pré-escola mandar uma aluna imitar uma espanhola para se apresentar ela já chama o coleguinha do lado para ajudar. "Vem cá, Zé! Tá na página treze."

Enfim, um feliz Natal à todos e este é só um post para criar um movimentozinho aqui dentro e apresentar a pouca dignidade e inocência que ainda me resta daquelas que eu deixei pelo caminho de minha vida enquanto sigo meu destino esperando encontrá-las novamente enquanto volto para o útero de minha progenitora... Beijo, mãe!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Dilúculo

Deve ser três e pouco da manhã e eu ainda não dormi, embora esteja em minha cama desde a uma e meia. Está um friozinho bom, estava assistindo à SBT pela minha Philips tubo de quatorze polegadas aqui no quarto. Um pouco alternativo para quem também tem um abajur em formato de dado gigante da Imaginarium, mas comprado de segunda mão.

O que me inspirou a escrever foram as luzes que vejo ali de fora. Esqueci como é bonito e gostoso olhar ali para a serra que parece não existir por conta da noite. Esqueci o quanto é bom você não ter no que ou em quem pensar. Estes são alguns detalhes que às vezes a gente deixa passar por não ser nossa prioridade diante das obrigações da vida adulta.

Para não mentir, neste exato momento estou pensando em alguém e ouvindo Cold Play. Não sei qual o título da música. Nunca sei ao certo os nomes das músicas que ouço e sempre reconheço uma banda pelas canções através do som da bateria, ou pelas distorções peculiares da guitarra ou, em último caso, o baixo marcante. Claro, tem umas vozes que são inesquecíveis e muito admiráveis.

Voltei a olhar ali para fora, mas meu novo ponto de visão só me dá a possibilidade de enxergar o poste de luz e sua lâmpada de mercúrio ligada iluminando as cinco linhas de fios elétricos, o segundo andar de um sobrado gigante com uma janela acesa e algo mais escuro ao fundo que eu suponho ser a silhueta de parte da Serra da Mantiqueira. Bem bonito.

Estou com a Àgatha Christie ao meu lado. Vou lê-la e, quem sabe, dormir.

(Uma pausa)

São dez da manhã e eu estou ainda acordada e, homeopaticamente, deitando junto da minha mãe.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A sutil motivação do novo

O que me faz acordar todos os dias é saber que existe uma novidade durante aquelas tantas horas que ficarei acordada. Seja para dar oi para um gordinho bonitinho com cara de nerd que eu vi passar pela avenida de uma cidade que não é minha, seja entrar na agência e dar de cara com meu chefe pedindo um planejamento para uma empresa que foge da minha zona de conforto ou seja minha mãe ligando dizendo que começará a fazer uma receita nova de bolo com sabor diferente às 16h e quando eu chegar ele estará quentinho.

A novidade é que me faz criar falsos acasos para passar pela mesma avenida e tentar encontrar aquela mesma face que eu não encontrei mais, que ativa a minha criatividade mais mirabolante para um projeto que não tem nada a ver com meus costumes ou querer chegar logo em casa para experimentar aquele novo sabor do velho bolo de chocolate.

Acho que minha motivação é gerada a partir do sentimento inédito que eu crio em coisas cotidianas.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Onde você estava?

Há 10 anos acordava às 6h e me arrumava para ir à escola.

Há 10 anos eu fui à escola, mas fui dispensada pelos professores.

Há 10 anos eu achei que pudesse passar a manhã toda assistindo aos desenhos do SBT.

Há 10 anos os monstros maus que explodiam cidades se tornaram reais e explodiram cidades. Ou pelo menos parte delas.

Há 10 anos meus livros de história e geografia passaram a ser os jornais diários. Estudávamos Al Qaeda, terrorismos e os motivos dos ataques suicidas. Meu grupo teve que defender George W. Bush. Foi difícil encontrar material, mas alunos de oitava série sempre têm bons argumentos.

Há 10 anos eu confesso ter ficado com medo daqueles atentados.

Há 10 anos o medo deu lugar ao tédio sobre o marasmo jornalístico com a sua pauta que bombardeava os mesmos discursos.

Há 10 anos eu estava com 13 anos e morava em Pindamonhangaba onde moro ainda hoje. Não tinha grandes ambições. Não trabalhava, meus pais pagavam as minhas contas, meu sonho dourado era ser arquiteta e todos os dias aparecia com uma nova planta para os meus pais verificarem o projeto. Não tinha cachorros e acabara de me mudar para um outro bairro. Meus irmãos tinham 9 e 3 anos e meus pais também eram 10 anos mais novos.

Há 10 anos eu não tinha internet e nem ao menos sabia o que era um blog. Muito menos Orkut, Facebook, Twitter, LinkedIn, SlideShare, Flickr, Youtube... Eu era heavy-user de SkiFree e isto me divertia o bastante para esquecer que dia 11 de setembro não se comemora nada além de ser lembrado pelo atentado. Tem algum aniversariante por aí?

E você, onde estava há 10 anos?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Namorando um amigo

Qual a diferença entre um amigo e um namorado?

Um amigo é aquele do qual você não tem tanto pudor para demonstrar sinceridade. Provavelmente ele vai entender quando disser algo sincero, afinal de contas ele é seu amigo acima de tudo. É ele que não vai rir da sua piada se ela não tiver sido engraçada, mas vai te dar um tapinha nas costas e dizer "continue tentando, um dia melhora, quem sabe..." Você certamente vai ficar sem graça nessa hora, mas você ri.

Um amigo é aquele cara que acha que você é tão da família que não liga com o fato de todos estarem na casa dele, inclusive você... menos ele. Um amigo não precisa de provas de amor, um amigo não precisa de ligações diárias. E mesmo sem a constante presença, eu sei que ele sempre estará ali, mesmo não estando ali. Se é que me entende.

Um amigo não tem a ambição de te levar para jantar no melhor restaurante da cidade, mesmo porque, nestes lugares vocês não poderão dar aquelas risadas altas que estão acostumados. Então vocês decidem ir a uma sorveteria, um barzinho ou sentar na calçada da sua casa para conversar durante horas sobre qualquer coisa, da qual nunca é realmente importante, mas será um dos melhores momentos de um final de semana. Ele acompanha suas ideias mirabolantes.

Saiba, que se seu amigo lhe manda uma mensagem de madrugada ou a qualquer instante para dizer que pensou em você, ele realmente pensou em você. Não faz parte do feitio de um amigo mandar mensagens todos os dias para desejar boa noite. Cansa! E apesar de respeitá-la, seu amigo jamais deixaria você ganhar no videogame só porque você é mulher. É player 1 contra player 2. Os controles e os sensores de calor ainda não conseguem identificar o feminino do masculino, desculpe.

Seu amigo será curto e grosso quando diz "mulher não entra no ensaio da minha banda". Você não liga, afinal, o momento mais lisérgico da banda é o resultado da psicodelia autista de um ensaio entre quatro paredes acústicas, um show alucinógeno sem precisar de Lucy's, mas de algumas doses de inspiração. Deixe para lá o ensaio.

As pessoas sempre determinam o sujeito das relações. O namorado. Aquele que ama, que dá boa noite, que tem ciúmes, que diz pensar em nós quando não estamos ao lado deles, que nos cobra pela falta de satisfação. Certamente seu amigo não vai dizer "amo você". Ele não precisa. Ele já lhe respeita e isso basta.

Um amigo valoriza sua presença e sua liberdade. Ele será a única pessoa que ficará num quarto sozinho com você apenas para lhe mostrar a coleção de guitarras e tocar cada uma delas usando todos os efeitos dos pedais que ele comprou um a um. E você será a única pessoa que terá a paciência para tentar entender o que cada um daqueles pedais fazem e admirar a cada acorde que aquele cara dá. Sim! Você se apaixona. Não pelo homem, mas pelo sujeito oculto: a amizade.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Despedidas

Nunca fui boa com despedidas. Ou eu choro demais, ou eu não choro nada pela pessoa não ter feito nenhuma diferença em minha vida. Já tiveram momentos em que numa despedida eu fingi estar triste, mas ao virar as costas eu ri. Era uma imensa felicidade. Sim, eu não gostava de você. Eu gargalhei.

Hoje eu estava endomingada. E descobri que além da despedida em si, existe também a sensação dela. O que não é nada agradável, mesmo porque, quando você diz tchau, adeus, até logo ou qualquer coisa do gênero você sabe que aquele é o momento da despedida. Então o tchau, o adeus e o até logo fazem sentido.

E agora eu estou sentada numa poltrona cinza, dentro de um cômodo um pouco bagunçado com os olhos cheios de lágrima, ouvindo o som da buzina de um trem que está passando logo ali. Agora eu estou sentindo a sensação de despedida, querendo abraçá-la, contar todas novidades, voltar rápido do trabalho para poder assistir tv com ela. Ao mesmo tempo não quero nada disso, porque sei que daqui a uma semana quando eu voltar direi "Oi!" apenas ao meu pai, a minha mãe e ao meu irmão. Ela já vai ter voltado para a terra dos sinos que falam.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A maldição dos 27

Um anúncio criado pela Billboard sobre as crenças dos 27 anos. Cool!
Se for assim, para mim faltam 4 anos. Beijo! MUAH*


Clique para aumentar, porque né...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A primogênita

Comemoração ao dia dos pais atrasado. O que vale é a intensão!

Ele sempre colocou 'News of The World' para ouvir e tomar cerveja comendo queijo na janela da sala. Eu tinha pavor daquela capa do disco.
Esses dias ouvi Chico Buarque com as minhas amigas. Eu sei cantar Chico, porque ele sempre pediu para que eu parasse o que estivesse fazendo para ver sua performance ao dublar.
Adoro Pink Floyd, mas saiba que antigamente eu morria de medo de todas as canções de 'The Dark of the Moon' e usava como fundo musical de histórias de terror para os meus amigos.
Acho que a minha tranquilidade lembra a sua tranquilidade. E acho que dentro de um DNA tranquilo guardava também uma dose de ironia que aprendi com você.

Eu sou o rascunho dos meus irmãos.
Aquela que tema fisionomia da mãe e a personalidade do pai.
Aquela que adora o carinho da mãe e o conforto do pai.
Aquela que acha graça na bronca da mãe e chora com o tal 'estou decepcionado' do pai.
Aquela que canta com a mãe as músicas que ouve com o pai.

Eu sou o teste.
Eu sou a cobaia.
Eu sou o exemplo.
Vulgo Heráclita, a primogênita.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O que faz a inspiração líquida?

Sábado, antes de entrar ao Óbvio para o evento da Simbios eu e minha família presenciamos um acidente.

Quando eu cheguei em casa a proatividade do questionamento foi referente ao acidente com um desconhecido. E minha iniciativa em contar os fatos mais legais foi tomada pela nuvem negra do negativismo. Porque né... Morte, acidente, hospital, soro, doença, epidemia, gente ruim, brigas e qualquer coisas que tenha más vibrações são coisas das quais gosto de falar apenas o essencial. E se 'uhum' e 'ã-ã' respondessem a essas perguntas, certamente eu diria 'uhum' e 'ã-ã'.

É estranho saber que perdemos o valor assim que nos camuflamos no asfalto, mas é verdade.

Será que aquele cara fez o que queria ter feito ao longo de sua vida, ou fez apenas o que precisava ser feito? Se ele aquele acidente foi causado enquanto voltava do trabalho, é bem triste saber que existem pessoas que, literalmente, vivem para trabalhar por precisar daquilo.

Será que algo vai mudar depois disto?

Será que ele vai descobrir que há formas alternativas de se divertir sem necessitar daquela fauna colorida na carteira?

Não há nada mais divertido que parar uma manha e vislumbrar a montanha.
É engraçado saber que ver o sol se pôr três vezes não é ver um sol se pôr três vezes, mas ver três sois se porem uma vez.
Será que ele dará o devido valor ao sorriso da esposa, da filha, da mãe, da irmã ou de quem quer que seja aquela mulher que provavelmente esperava por ele?

Tomara que sim, senão não teria porque de um carro passar por aquele local e ter dado de encontro com um trabalhador que certamente faria hora extra naquele instante. Amém!

Mas voltando...

A Simbios no Óbvio foi perfeita! Fui sozinha, porque sei que lá eu sempre encontro um conhecido que me faça companhia. Claro! Liguei para a Marcela antes para saber se poderia estar na presença dela... Hehe! Adorei conhecer o restante do pessoal.

Bem, sábado foi minha estreia na plateia da Inspiração Líquida. E por mais que teoricamente eu já soubesse como era a vibração do show deles através de comentários, boatos e vídeos no Youtube, quero dizer uma única coisa: é revolucionário quando se assiste de verdade no meio das pessoas. Não, não estou engrandecendo uma bandinha regional, estou falando sobre a essência de uma banda que eu me tornei fã de verdade desta vez.

Sou amante da cultura britânica e apesar de não ter a tal pontualidade que eu tanto admiro, este atributo não me chama mais atenção quanto à boa música e suas letras mirabolantes que dizem coisas aos nossos ouvidos já poluídos por bobagenzinhas pela heresia. E muito embora eu saiba que eles possuem tais influências, meu gosto aumentou pela forma inspiradora que a banda leva enquanto o show vai rolando.

Como foi o show ao todo? É impossível dizer, mas posso afirmar que das bandas alternativas, Inspiração Líquida é a mais progressiva que já presenciei. Cool!


O que faz a inspiração líquida?
Nos inspira.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Uma resposta

Já é a segunda vez que tu me perguntas se eu escondo algo que me machuca.
Já é a segunda vez que eu te digo um sincero não.

Ontem quando fui dormir, sonhei com o que já havia acontecido.

Quando tu me perguntares outra vez sobre isso.
Certamente eu direi:
Sim.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Dispenso a previsão

Você sabe quais são as cinco pessoas que vai encontrar no céu? Seria muita pretensão da minha parte querer saber que naquele momento algo bom vai acontecer. A essência da vida é descobrir sua essência.

Como diria Los Hermanos, "se eu for o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado".

Tá, meu sonho sempre foi fazer arquitetura, morar em São Paulo, abrir um escritório e trabalhar com a Sam Elgrably. Mas se tudo isto tivesse acontecido desta forma, será que eu teria o prazer de passar uma noite inteira no trabalho para terminar um projeto, ou viajar à trabalho, perdendo dia de aula por causa de uma reunião ou passar madrugadas em claro para descobrir que o inovador estava na simplicidade da imagem? Provavelmente sim, mas de uma forma diferente.

Talvez eu não tivesse a mesma sintonia cômica com o cara da carteira ao lado que eu tenho com um dos únicos geminianos que eu mais respeito no mundo.
Talvez eu não pararia na Lanchonete Real para comer um lanche e jamais conheceria aquele artista plástico que me chocou com suas histórias lindas sobre suas viagens e fotografias.

Pensando desta forma, prometo não mais lamentar.
Eu menti quando disse que gostaria imensamente de voltar no tempo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O dia que um marginal me abençoou

Esses dias estávamos entre amigos e conversando sobre um assalto que aconteceu e tudo mais. Não contei das minhas experiências, porque soaria em tom de deboche. Embora esta não fosse a intenção, eu não gostaria de passar essa impressão naquele momento em que todos estavam discutindo se reagiriam ou não. Uns disseram que pensavam que pudessem reagir, mas na hora ficaria travado, outros disseram que até reagiriam por conta da revolta. Eu não opinei.

Eu sou a pessoa mais azarada do mundo! E já fui assaltada três vezes, porém nenhum deles foi efetivado. Minha reação? Distração voluntária. Sou tão distraída que eu acho que se um dia eu for estuprada eu só descubro quando eu for parir e nem percebo a falta das regras durante os nove meses. Não me surpreenderia se o pai da criança ainda quisesse registrá u fío co memo nome du pai: 'Cleiosmar Xuasnéguer da Silva Junior'.

Meu primeiro assalto foi até engraçado. O cara disse algo pra minha mãe que eu não ouvi (novidade) e minha mãe como é gentil, parou e perguntou o que ele havia dito. Durante tal diálogo, eu já estava quase dobrando a esquina, quando ouvi minha mãe gritando 'Dá essa bolsa aquêêê!'. Então eu voltei, saimos correndo e fomos à delegacia. Detalhe nº1: conseguiram pegar os meliantes. Detalhe nº2: minha mãe estava vestindo uma saia, meia-calça preta, bota e uma blusinha um pouco decotada; eu com uma calça larda, um top e duas chuquinhas, ou seja, chegamos de veraneio vascaína e fiquei me sentindo meio parte baixa da Rua Augusta.

O segundo não teve tanta aventura. O terceiro foi épico!

Sou católica, mas sido a cultura judaica quando pesa no bolso. Eu ia muito à missa há um tempo, falando nisso, preciso voltar a ir. Mas voltando... Sempre ia às missas de domingo nos horários certinhos. Um dia vi que estava atrasada então pensei: 'vou de bicicleta!' E fui. Tranquei a SUPER BIKE na grade da igreja e fiquei do lado de fora. Não tinha mais lugar. E eu fiquei em pé ao lado de fora. Eu dava umas olhadinhas em meu super veículo e continuava com o olhar na missa. Durante tooodo aquele momento eu fazia os mesmos movimentos.

DE REPENTE... Eu vejo um cara mexendo na bicicleta e por conta da minha lerdeza e inocência, pensei: 'Eu acho que deve ter acontecido algo com a minha bicicleta vou ali ver' Eu fui. O cara que estava 'arrumando' minha bicicleta devia ter cerca de um metro e oitenta de altura, olhos verdes e estava com uma caixa de ferramentas na mão.

'Moço o que está acontecendo aí?'
(segura no guidão e olha atentamente para toda a bicicleta procurando o erro enquanto fala)

'Essa bicicleta é sua?'
(continua abaixado e olha para a moça com semblante surpreso)

'É, por que?'
(ela falou em um tom bravo que eu defino como imponente, afinal, aquilo não era só uma bicicleta, era uma semana de trabalho árduo para convencer clientes de que o solado da Nike era feita de couro de búfalo. Será?)

'Moça, se você me viu fazendo isto, você não é digna de ser furtada
(ele se levanta de vagar e aponta para o santo da fachada que está logo atrás acima de sua cabeça e seus olhos enchem-se de lágrimas e sua voz falha um pouco)

'Amém!'
(só quando ele disse a palavra 'furtada' que descobriu a façanha e percebeu que ele não era um bom homem, mas um marginal!)

'Você tem que entender que este é o meu trabalho.'
(ele passa por trás dela, destrói outra tranca e furta uma outra bicicleta)

'...'
(seus olhos arregalaram e ela pensa em diversas coisas que poderia dizer para ele não levar a outra bicicleta)

'Olha pros meus olhos.'
(ele pega na mão dela)

'...'
(ela segura a mão dele e não consegue dizer nada)

'Deus te abençoe.'
(ele saiu andando com a bicicleta alheia como se estivesse num passeio pelo parque)

'...'
(ela tremeu, correu com a bicicleta para o caminho oposto, óbvio, e uma lágrima caiu)

É até bonito, gente! Mas moral da história, vamos lá: não sejam lerdos, minha gente. Nem o seu assaltante vai aturar tal atitude. E uma homenagem minha ao grande jogo de domingo!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ouvido de tuberculosa

Hoje fui ao otorrinolaringologista (caramba!).


Desde os 12 anos meu ouvido direito é meio ruim. Eu era aquela menina que distorcia o telefone-sem-fio e que sempre perguntava "hã?!" só para garantir que eu realmente entendi sua pergunta.

Hoje fui ao consultório do Dr. Conga - seu toque de celular é um mambo (???) - ele me perguntou o motivo da graciosa visita, ele me olhou e me levou até aquela cadeira azul super confortável. Examinou minhas entranhas auditivas e me disse que havia um pouco de cera: basicamente um quilo e meio.

Bem, apesar do momento desagradável e um tanto dolorido no lado direito, eu descobri que toda aquela cera estava abafando detalhes de uma audição perfeita. SÉRIO! Não sabia quanto ecoado era um consultório médico e descobri quão alta é a minha voz. A sensação de ouvir bem é desconfortavelmente prazerosa.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O dia que eu engravidei

Toda mãe tem um poder de persuasão tão forte, parecendo até que todas as afirmações ou perguntas retóricas que elas nos fazem são legitimamente verdades. Sim! Igual ontem. Eu estava tomando banho e o chuveiro de casa estava horrível. Meu pote inteiro de creme tinha caído no banheiro (R$25 jogado pelo ralo junto com a água suja) e o banheiro estava fedendo a fumaça, chuveiro queimado, creme horrível, madeira molhada de vapor, azulejo pingado e um leve toque de Seda Co-criações para cabelos lisos. De repente batem à porta. É minha mãe. Nessa hora eu estava limpando a sujeira que eu fiz no box. Eu abri a porta e ela diz "Que cheiro de cigarro aqui, credo! Você está fumando no banheiro? Você sabe que esta bronquite é por causa do cigarro, né?!" E eu disse que não. NO ENTANTO, o sentimento de culpa que as mães conseguem colocar nos hemisférios cerebrais dos filhos é tão forte que eu esqueci que o creme tinha caído e eu só pensava na possibilidade de haver mesmo uma forma daquele cheiro ter chegado ali. Talvez fosse minha calça???

Mas por que eu contei isto?

Com 13 anos, estava começando a "ficar mocinha", "receber visita", "nadar no mar vermelho", "ficar de chico", "estar naqueles dias" enfim... Whatever! Menstruar mesmo, entende? E na segunda vez que iria "descer pra mim", não desceu. Simples assim. Não veio. Não chegou. Nada. Nada. NAA-DAA! E eu pensei: 'Vou falar com a minha mãe'. PIOR COISA QUE EU PUDE FAZER! Ela olhou bem pra minha cara e só perguntou o seguinte: 'Você não fez nada com nenhum menino não, né?'

Siiiiiim! Aquele sentimento de culpa ficou estampado na minha testa enquanto eu me lembrava de um caso RARÍSSIMO que minha mãe me contou certamente para me assustar sobre a prima dela que ficou com um cara e só de abraçar engravidou. Imagina! Em 2001 as meninas de 13 anos eram bestas, pelo menos eu era. E enquanto a filha do Homem do Baú que agora não é mais estava sendo sequestrada em São Paulo, lá estava eu estagnada em Pindamonhangaba sem brincar, porque as brincadeiras que eu mais gostava poderia fazer mal para o bebê. O mais engraçado de tudo isso, é que sempre que a gente tá com um problema, este problema brota do asfalto. O tanto que eu vi de meninada grávida na rua era demais. E justo naquela semana passou uma reportagem no Globo Repórter "Gravidez na Adolescência". Cool! Aí sim, até a Globo estava afim de ajudar a me animar com dicas maravilhosas de como criar seus filhos com 13 anos de idade. Obrigada!

Eu assisti. Não como entretenimento, mas como aprendizado. Quem sabe? Comecei a ler sobre gravidez. Quais eram os sintomas, com quantos meses aparece a barriga, como fazer para dar de mamar, quais os tipos de parto... Claro! Nada mais sensato para uma menina paranoica que começava a enjoar com o cheiro do achocolatado em pó e achava que o intestino mexendo por causa da digestão era um zigotinho fruto de uma reprodução assexuada.

Um belo dia, três semanas havia se passado e meu sentimento de agonia e frustração começou a se tornar amorzinho materno. E enquanto eu estava jogando Ski (aquele jogo que ninguém ganha do lobo que aparece no final) eu senti algo e corri para o banheiro. DESCEEEEEU! Eu gritei para avisar a minha mãe toda feliz e ela sorriu de uma forma bem adorável e me disse exatamente assim...

'Cal, eu não falei nada antes, mas isso é normal acontecer nas primeiras vezes. Tem uma prima minha que menstruou uma vez e só foi menstruar de novo depois de vários meses, acredita?'

Ah, claro! Certamente foi aquela mesma prima que engravidou por abraçar o rapazinho lá. Já até sei o por que de não ter vindo mais a menstruação dela por uns meses...

sábado, 18 de junho de 2011

Koyaanisqatsi


Na língua Hopi, Koyaanisqatsi significa: "vida maluca, vida em turbilhão, vida fora de equilíbrio, vida se desintegrando, um estado de vida que pede uma outra maneira de se viver".

Ontem dois amigos vieram em casa para assistirmos a alguns filmes. Eram quatro, mas assistimos apenas dois. As alternativas eram Taking Woodstock (lisérgico), Muita Calma Nessa Hora (aquele que tem o Adnet), Koyaanisqatsi (cabeção) e aquele de animação bonitinho, mas que eu não me recordo o nome. Enfim, assistimos Taking Woodstock, ÓBVIO! E para abaixar o ar nostálgico e irreverente do filme anterior fomos para o Koyaanisqatisi. Sim, o cabeção.

E é deste último que eu quero comentar. Imagina um filme sem fala ou narração de quase uma hora e meia que faz todo espectador se calar e se compenetrar a tal ponto que ele entra em sintonia com o enredo. Imaginou? Que bom, porque eu jamais conseguiria imaginar este fato sem antes ter esta experiência.

A direção de Godfrey Reggio e a trilha de Philip Glass trazem uma ar sinestésico ao filme. Sim! Se você não desprende os olhos da tv, em um dado momento você se sente parte do filme e a sinestesia acontece quando você começa a ver a música e sentir a imagem. É perfeito! Além da reflexão que cada indivíduo tem sobre as sequências. Reggio soube apresentar uma perspectiva da mecânica do cotidiano e a influência da tecnologia na sociedade através de detalhes relevantes e que estão ao nosso redor, mas nós deixamos passar batido pelo vício do dia-a-dia.

E neste filme vocês descobre que apesar de amigos e familiares e pessoas das quais nos socializamos tenham uma sintonia psicológica, que influenciam ou sejam influenciadas por nós, realmente não dá para saber o que se passa na cabeça de cada um. Sim! Ontem, naquele confortável e acomodado sofá de uma sala escura e uma fonte que brilhava colorido ao lado de fora, estavam três pessoas enxergando as mesmas imagens e ouvindo as mesmas músicas, mas que ao final o Koyaanisqatsi gerou àqueles seres perspectivas diferentes. Surreal!

É possível assistir pela internet, abaixo segue o filme, mas eu recomendo que assistam ao documentário em DVD com uma tv grande e uma sala escura.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A reunião...

Ontem, às 21h, eu e um colega criamos a hashtag no Twitter #apresentacarol, em prol da minha apresentação do TCC. Para ver que as redes sociais realmente funcionam, tal influência chegou à comunicação da Faculdade, tamanha influência. E seguiu desta forma:

Eram 15h...

"Cal, a Faculdade ligou em casa?"
"Não, por que?"
"Porque me ligaram para uma reunião e você precisa ir junto."
"Ah, e que horas vai ser?"
"Às seis horas, então quando eu chegar em casa você já sai."
"Tcherto!"

Na reunião estava a coordenadora, a diretora, o orientador do TCC, o meu pai (que por sinal dá aula na Faculdade), eu, a moça da secretaria e o Steve Jobs de bolso.

Voltei a falar da minha situação e expliquei o porque de ter gerado o movimento #apresentacarol no Twitter e Facebook. Eles esclareceram tais fatos e eu não fiquei feliz, mas me conformei, porque realmente a falta de responsabilidade foi da minha parte perante a banca de não ter aparecido no dia da apresentação. Poderia ter apresentado sem slide? Opa! Mas minha insegurança falou mais alto, desculpe.

Durante a conversa, ouvi dizer que o nome da diretora havia aparecido no post juntamente com a afirmação de que ela havia dito que eu poderia sim apresentar meu TCC. Não lembrava de ter escrito tal nome no decorrer do post, mesmo porque, quando o assunto é negativo não acho ético falar nomes de pessoas físicas, mas pedi desculpas assim mesmo pela minha difamação. Mas também peço minhas desculpas à Faculdade, da qual de hoje em diante não citarei mais Tal nome. Combinados?

Fico um pouco triste com isto, porque gosto muito da diretora e a tenho como uma amiga, desde os tempos de primeiro ano, mas chega de coisas trágicas, porque eu gostaria de parabenizar a minha faculdade pelo novo setor de pesquisas em redes sociais. Trabalho com isso e percebi que a equipe também é bem competente. That's great!

TCC, Faculdade e Movimento #apresentacarol

Segunda-feira foi minha pré-banca do TCC. Pelo menos era para ser, mas meu computador deu pau e quando fui colocar o bendito PPT do pen-drive... PLUFT! Simplesmente travou tudo, o computador não desligava da maneira correta, eu não conseguia mais clicar em nada, minha apresentação de repente sumiu do mundo cibernético da placa mãe e nem vestígios daquela porcaria em meu pendrive, ou seja, FODEU!

Minha apresentação seria dia 13 de junho às 21h30. Eram 20h e nada do pc funcionar. Meu sangue subiu para a cabeça e a minha calmaria e voz suavemente nervosa baixou e comecei a ligar para Deus e o mundo para conseguir falar com uma alma que pudesse me ajudar. Enfim, não consegui nada além de receber um breve sermão do meu orientador. Tudo bem, eu ainda estava em minha calmaria assassina. A mesma calmaria da TPM, que por dentro estou matando você a cada palavra que você diz, mas não falo nada, só observo...

No dia seguinte, não consegui falar com a adorável coordenadora, mas falei com a diretora que me disse que haveria a possibilidade de eu apresentar o TCC em um outro dia. Eu fiquei feliz. Hoje fui falar com a coordenadora e ela me respondeu na lata "sem chance". Eu fiquei nervosa. Não fiquei nervosa com a resposta (claro, isso também ajudou), mas fiquei nervosa e com o fato de a faculdade não possuir uma mecânica padrão.

Hey! O aluno que não apresentou um trabalho pode apresentar em um outro dia? Se é injusto com outros alunos, eu entendo, mas diga exatamente isso.

Enfim, hoje eu agradeço imensamente aos meus colegas, por divulgarem o movimento #apresentacarol no Twitter. Gostaria que muitos de vocês participassem, porque a opinião pública é conta também. Justo!

E pra quem perdeu (todo mundo), abaixo segue minha monografia que ainda vou aprimorá-la. Quem sabe Carolina Cruz não esteja no próximo SMBR... (momento pretensão)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dia dos namorados



Parafraseando o Tumaki, seu eu não passo o Dia do Índio com um índio ou o Dia de Tiradentes com o Tiradentes, não tem porque eu passar o Dia dos Namorados com um namorado. Certo? Tcherto!

Embora eu ache uma fofurinha ter um namorado e passar o dia com ele para fazer coisas bestas como assistir a um filme, ir ao cinema, tomar café da manhã numa padaria legal, almoçar naquele restaurante super cult, jantar num bistrô, passear no parque, ir à biblioteca, ler um livro em casa junto (cada um com um livro, por favor), discutir sobre o livro, comer cachorro quente, deitar no quintal pra ver estrelas, tomar chá, ou simplesmente dar uma volta no quarteirão e perceber que você tá na merda porque tem casais muito mais legais que você, eu acho que isso ainda não é pra mim. A maldita questão do "compromisso" me deixa meio atordoada e eu penso "poutz! Tenho que ligar para avisar que vou fazer tal coisa". Não gosto. Não gosto, não gosto e não gosto.

O meu dia dos namorados foi trash, mas foi muito gostosinho. Foi a la 1960. Fomos eu, a Jaquetosa e o Tumaki a uma quermesse festinha que estava tendo de uma instituição aqui em Pinda. A parte fofa: comemos sushi (e o Tu pastel). A parte trash: terminamos a noite em um bingo sem ganhar um prêmio de consolação. Tudo bem, o que me consola é que a noite foi uma delícia e eu pude ficar ao lado de pessoas das quais não tenho o compromisso de ligar para dar boa noite antes de dormir.

sábado, 28 de maio de 2011

Galanteios juninos


Ela estava de vestido rodado rosa e roxo com um cinto cinza fofo com um laço no meio, uma meia calça marrom, uma sapatilha preta. Por conta do frio, botou um casaquinho curto de mangas compridas e botões. Uma caipira de estilo.

Ele, um macacão preto com uma das alças despregada, uma camisa azul clara abotoada de uma forma que o último botão ficasse solto, um chapéu de palha sem nenhum detalhe e um sapato preto. Um verdadeiro plebeu.

Os cabelos castanhos dela estavam soltos e um pouco ondulados por conta da umidade do ar. E sua franja estava disposta de uma forma que ficava toda para frente e ao mesmo tempo pensa para o lado direito. Ela tinha olhos castanhos esverdeados e bem delineados com a maquiagem fraca. Ela estava olhando para ele.

Os cabelos castanhos dele eram bem curtos e faziam um contraste muito bonito com a pele excessivamente branca o que destacava sua expressão facial. Ele tinha olhos azuis, verdes, não sei, eram claros e lindos. Quando ela o notou, seu olho esquerdo deu uma piscadinha.

Ela gostou.

Ele foi falar com ela.

A cena:

Em uma barraquinha estava dizendo: "Compre um doce e ganhe um beijinho!"

O diálogo:

Ele: Oi!
Ela: Oi, tudo bem?
Ele: Eu acho que vou comprar um doce.
Ela: Boa! Compre.
Ele: É verdade que se eu comprar um doce eu ganho um beijinho?
Ela: Sim! O da bandeja. (Ela sorriu)
Ele: Ah, mas e o seu?
Ela: Se você comprar um doce você ganha um beijo na testa, que é sinal de respeito.
Ele: Beijo na testa eu não quero.
Ela: Então se conforme com aqueles da bandeja. (Ela sorriu outra vez)
Ele: Ah... Então não vou comprar (Ele deu aquele sorrisinho que ela tanto gostava!)
Ela: Tudo bem. (Ela o abraçou)

Ela não sabe o nome dele.

Ele não sabe o nome dela.

E ao final da festa ela foi para um lado e ele foi para o outro.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Pleasure, Sarkasmus!

Faltam menos de duas semanas para entregar meu projeto de pesquisa do meu TCC sobre Gamification. Óbvio que estou super adiantada e terminando apenas alguns detalhes para poder entregá-lo e apresentar.

O mais engraçado é que venho pensado neste tema faz bastante tempo e já tinha noção do assunto que iria abordar. E cá estou eu no último ano realizando tal "profecia" acadêmica. That's great!

Sim, já tirei da minha mente a hipótese de fazer arquitetura, porque estou amando este curso e até posso visualizar meu futuro daqui a cinco anos. No entanto, agora o foco é o TCC. Cool!

domingo, 22 de maio de 2011

La Valse D'Amélie

Leia ouvindo esta canção, porque foi escrita da mesma forma.



4h26 - Domingo, 22 de maio de 2011

Estou chorando. Nunca uma música simples apenas tocada em um simples piano me fez borrar a tinta da caneta numa folha de caderno ou fazer minha letra tremer por conta dos soluços, mas eu nunca senti tanto desejo de estar ao lado de uma pessoa como hoje.

A única coisa que gostaria neste momento era que alguém entrasse por aquela porta agora e me dissesse que está tudo bem e me abraçasse. Estou no quarto e não quero que ninguém me ouça. Quem sabia decifrar o verdadeiro significado das descargas no banheiro está a 400km e de lá acho que não dá para ouvir o que um cômodo de 1,80m por 1,80m sente.

Saiba que eu tento suprir a saudade com outras atividades, mas nenhuma visita que eu dê ou receba é mais prazerosa que sua chegada em uma manhã aleatória. Neste momento, às 4h54, eu descobri o quanto é estranho poder entrar num quarto que agora é só meu sem ouvir a histeria do: "Tô trocando de roupa". E assistir Discovery Home & Health com estudante de Moda não é o mesmo que sua sabedoria baseada em tutoriais.

A hora que for, quando chegar em casa vamos fazer os nossos cupcakes e comê-los assistindo O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Nós duas.

Para uma garota que pensa. 5h03.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Amor por conveniência

Ela está gostandinho daquele cara que possui algumas semelhanças a ela e embora não compartilhem dos mesmos estilos musicais, o que mais a atrai não é a aparência (pecado), é a criatividade e algumas influências filosóficas. Não, ela não quer nada além de admirar seu perfil enquanto sorri, sua forma de sentar ao ler um livro, as duas vezes que ele morde o maxilar após tossir, sua maneira de falar que antecede qualquer interrupção e a autoridade que tem sobre ela. Uma espectadora emocionalmente tecnofóbica que não necessita da interação e do engajamento, apenas pequenas percepções hipnóticas.

terça-feira, 17 de maio de 2011

If it's not love, then it's the bomb

Não, ela jamais gostou tanto daquele bonitinho da sala de vidro ou do cara estranho que tocava um instrumento legal. Nem mesmo está falando sobre o cara que se tornou o melhor amigo.

Enfim, ela conseguiu "desgostar" aquele cara estranho com aspectos físicos que jamais chamariam a atenção daquela garota. O que mais atraía seu olhar era a maneira inocente com a qual ele encarava o dia-a-dia. Aquele interesse imenso em coisas pequenas e um imenso desprezo pelos detalhes. Sua praticidade! Era isso que ela gostava. E apesar daquela aparência gigantesca da qual ela tinha repulsa, o atributo carinhoso quebrava tal paradigma imposto por ela mesma. Sim, ela gostava mesmo dele. Ele fingiu ser seu namorado para ajudá-la. Ele a abraçou. Ela o abraçou. O que ela mais gostava naquele cara era a ironia e a frieza que ele tinha com os sentimentos dela. Ele riu quando ela chorou e isso a fez rir também.

Ela omitiu sua verdadeira paixão atribuindo seus olhos brilhantes e sua taquicardia ao bonitinho da sala de vidro para não admitir aquilo que nunca sentiu. Fugiu. E retornou apenas para dizer adeus. Ela está livre!

domingo, 8 de maio de 2011

Minha esquizofrenia alheia a mim

Prazer, sou Carolina Cruz. Uma personalidade da qual a disseminação se desintegra a cada olhar que a observa. Não estou brincando, são muitos olhares. Muitos pedaços. Uma convergência que não se converge em ponto algum. Simples de explicar, embora seja difícil de entender. Acredito, posso lhe explicar com detalhes este conhecimento sem um mínimo de entendimento, basta acreditar. Você acredita? Então dê sua mão.

Durante minha infância minha avó me criticava o fato de eu usar calças e shorts ao invés de vestidos e saias. Eu gostava de vestidos e saias, mas minha justificativa para não usá-los era que "não dá pra correr e subir na sua árvore, vó!" Ela não entendia. Vendo que a crítica às roupas não estava alavancando nenhuma atitude, voltava aquela velha novamente com a ladainha da babosa para os meus cabelos ficarem iguais ao da outra garota. Você acha que uma garota de sete anos em 1995 iria se preocupar com cabelos sedosos? Eu digo em 1993, porque hoje em dia as meninas nascem de maquiagem feita, sem hímen e com um pote de hidratante capilar nas mãos.

Mas afinal, descobri minhas diversas facetas em uma das minhas andanças profissionais. Sou de Pindamonhangaba, aqui as pessoas têm muitos tabus ainda. Então fui respirar outros ares e migrei para uma cidade maior, mais próxima à São Paulo, ou seja, pessoas com mente aberta e papos interessantes. Cheguei, falei com um ou outro, tentei ficar mais próxima das meninas para parecer legal, mas na primeira semana acabei indo almoçar com o cara que fumava maconha, outro que era fissurado em video-games, outro que curtia futebol e um maçon. Pronto! Formei meu grupinho de conversas no Gtalk, duplas para o Street Fighter de sexta na sala de cima e para os devaneios sobre todas as coisas do mundo. Cool! Minha motivação para o trabalho eram as pessoas, além do trabalho e das viagens à São Paulo onde eu voltava morta.

Lembra o que eu havia dito sobre as pessoas de mente aberta e papos interessantes? Puro engano. Através das minhas atitudes, até então, minha personalidade começou a ser lapidada por uma terceira pessoa ofuscada para mim, apesar de seu imenso tamanho. Então as amizades masculinas eram consideradas promiscuidade, meus assuntos sobre futebol e video-games eram considerados um pressuposto ao lesbianismo e quando decidi acabar com toda a palhaçada e me calar, cogitaram uma gravidez. Sim, a interação era leviana e a alienação gestacional. Pasmei com a quantidade de persona um indivíduo apenas pode possuir através de olhares alheios. Isso me afetou? Claro! Morri.

Não gosto do maniqueísmo imposto pela sociedade onde as mulheres devem ser boazinhas, cruzar as pernas e sorrir. Adoro me arrumar, cuidar do cabelo e falar sobre corpos masculinos e sobre o look horrível daquela garota da faculdade, mas não dispenso o futebol da sexta, as partidas de Mortal Kombat na casa do Tumaki, Kinect com a Morgana e as longas conversas sobre relacionamentos ideais com o Dogão. Se o feminismo extremo ainda paira sobre a doçura a la Victoria Secret's, pode queimar quantos sutiãs forem preciso. Não adianta! Determinação e atitude não combinam com voz de veludo. Sinto muito.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Now Playing #2 | The Beatles - With a Little Help From my Friends (versão Across the Universe)



With a Little Help From my Friends tocada pelos Beatles é linda. Mas esta versão produzida pelo Across The Universe é perfeita! A combinação entre a imagem e a música é tão maravilhosa que tenho até os meus devaneios sobre as bobagens suuuuuper interessantes que fazemos entre amigos. Momentos Woodstock, encontros e otras cositas más. Cool, né?!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Maldita vodka da família!

Eu, prima e irmã em uma espontaneidade familiar
Vodka me causa um certo estrago. Siiiiiim! Não me dá amnésia (o que é triste, porque tem coisas que eu gostaria imensamente de esquecer), mas eu fico um tanto volúvel e estranhamente feliz, fazendo amizade com todas as pessoas do mundo.

Dia 19 de abril não foi apenas dia do Índio, mas aniversário da minha prima. Comemoramos numa balada onde fomos minha irmã (@endquepensa), meu vizinho e eu. A festa estava boa, as pessoas animadas e dançamos muito. Até que chega MINHA FAMÍLIA oferecendo a Vodka da Família. Uma espécie de máfia onde "os olhos que tudo veem" já estavam mais cegos que a justiça.

Resultado: sabe quele fetichinho besta que toda adolescente tem quanto ao fato de pegar aquele primo gatchéénho, ou aquele primo beeem mais velho que você? Então, né... E voltei para minha sã consciência me deparei com minha irmã e meu vizinho (cardissafada) rindo da minha cara e eu com cara de coo e discursando ALTO sobre Dr. House, elefantíase e pessoas que dormem no balcão.

Se Boris Casoy estivesse ao meu lado, me daria um tapinha nas costas e diria: "Isto é uma vergonha!"

E não foi?!

Now Playing #1 | The Cure - Close To Me




Uma boa música para uma segunda-feira de feriado, ou seja, um pseudo-fim-de-domingo sem o Programa Silvio Santos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ménage à trois puritano

E o trio dos eternos solteiros ataca novamente e mesmo com minha enfermidade estomacal, no domingo fomos ao cinema de São José dos Campos assistir RIO. Lindo!

Estava quase infartando por estar sem meus óculos e enxergando as luzes dos outros carros um pouco embaçada enquanto passávamos pela Dutra, mas valeu a pena! Fomos eu, Jaquetosa e Tumaki felizes e contentes. E apesar de não poder comer nada de acordo com a prescrição médica da minha adorável mamãe e do "Belíssimo" Tumaki, eu comi algumas pipocas. E aturamos uma fila enorme com um casal da nossa idade (há alguns anos, claro) discutindo porque a garotinha decidiu ir embora... Respira fundo, Cal.

Enfim, entramos, recebemos nossos estilosos Rayban 3D e entramos na sala escura atrasados pegando o final do último trailer. Me senti nas nuvens! Aqueles óculos fazem maravilhas quando a miopia é baixa. Ooh lá lá!

RIO é uma animação bacana. E por ser no Brasil, óbvio, a Rocinha deeeesce em peso, mas pelo enredo e o contexto todo, foi relevante e muito bem produzido. Entretanto, não posso deixar de comentar a trilha sonora (para mim é o mais excitante dos filmes) que é perfeita e muito instigante.




O filme acabou. E até inventamos uma forma mirabolante de surrupiar aqueles óculos super legais do cinema, mas sem chance. O mocinho já estava ali na frente e nossa palhaçada acabou.

Voltei no banco carona, ou seja, a que opera o áudio e a nossa trilha de partida foi Beatles versão Across the Universe, começando por All My Loving. Abrimos os vidros e cantamos beeeem alto como três crianças que nunca tiveram rádio na vida. Mas foi tão legal. E a noite acabou.

Yo no soy la presentadora

Se existisse um Trend Topics pessoal no Twitter, o primeiro da minha lista seria "yo no soy la presentadora".

Este post é um adendo especial à alguns seguidores que estão aparecendo em meu Twitter, por isso "el español".

¡Sí! Me encantan, aunque no todos siguen, porque no me importa saber cuando van a beber agua. Mi culo por la rutina de los demás.
Sin embargo, el perfil de @carolinacruz tiene generado una incursión colombiana que me sorprendió. Investigué. Y descubrí que todo esto es debido al éxito de la presentadora de Colombia,su nombre? Puedes adivinar?! Carolina Cruz.
Perdón, pseudo-fans, pero yo no soy @carocruzosorio:




Sim! Aquele é o Twitter verdadeiro da bendita. Bem que eu gostaria de ter o corpitchu dela... Who knows, baby. Who knows!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mães são bestas!

Irmã, irmão, eu e mamãe.

Esses dias estava no centro da cidade com meu irmão. Era um sábado e havia milhares de pessoas andando pela rua, quando resolvemos parar numa lanchonete que o pequeno queria muito ir. Ele tinha motivos... A professora que ele gosta é dona de lá. Cool!

Enquanto nós conversávamos sobre o que iríamos comprar, eu me deparei com uma mulher na mesa ao lado cantando "atirei o pau no gato" com uma voz super fininha, com olhos esbugalhados e uma criança no colo. Sim, ela estava assim mesmo.

À princípio eu fiquei pensando na vergonha que ela estaria passando com o objetivo de alegrar aquela criança que babava e olhava para o meu lado. É, confesso. Quando vi já estava sussurrando palavrinhas bestas com os mesmos olhos daquela mãe louca do outro lado. Parei.

Neste exato momento pensei na tamanha humilhação graciosa que as mães passam para alegrar seus filhos ou no quão fértil deve ser a imaginação daquelas mulheres para inventarem história mirabolantemente sensacionais para que aquelas crianças não tenham medo na hora de ir para cama, das quais nos lembramos até hoje.

São nessas horas que eu acho super bacana a sensação de um dia estar na pele daquela mulher estranha da lanchonete sem me importar com quem esteja ao lado, mas sabendo que aquela amebinha envolta de pele está feliz.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Homens gostam de mulheres paranóicas

Será que é verdade?

Embora eu tenha dois amigos, que facilmente se identificarão depois desta paráfrase que farei pelas suas ideias de que homens como eles não suportam mulheres ciumentas e paranóicas demais do tipo que ligam a todo momento ou discutem por qualquer coisa, eu me encaixo nestes valores femininos.

Sim! E, sem querer me gabar, em uma conversa com uma amiga esses dias descobri que sou uma mulher perfeita. Do tipo que não sente ciúmes de tooooodas as amigas, que não tem necessidade de conversar o tempo todo, gosta de surpresinhas, aceita uma saladinha leve e jamais recusa aquele X-salada nojento que as Misses Victoria Secrets nem ousariam botar a mão. Óbvio nunca exigi uma ligação por noite simplesmente para ouvir a voz de tédio da pessoa do outro lado, que POR SINAL ficou acordado só para dar boa noite. Pecadjééénho!

Estava conversando com minha irmã sobre discussões amorosas e me lembrei de um episódio do meu namoro em que saí e não liguei antes para avisar onde ía e quando cheguei suuuuuper empolgada com a saída SÓ DE MENINAS ele me corta o barato com um "Hum... E por que não me ligou?" Então, né... (cardikentácumraivinquantoescreve)

Aí eu pensei: esta história está inversa. Era eu quem deveria me importar com o fato de ele sair e não me contar. Era eu quem deveria fazer aquela histeriazinha sobre o tal "não custava nada me ligar antes?" e chegar ao ápice da discussão e apontar traições que nunca existiram. Quanto inicio algo sério com alguém uma única coisa me vem à cabeça: você é único, mas tenho meus amigos e você tem os seus também.

Mas não adianta. Conversando com uma amiga, nós descobrimos que somos relevantes demais nestas situações. Quanto o cara sai, perguntamos como foi e quando ele diz a hora que chegou, rimos daquelas olheiras horríveis de sono. Quando ele abraça uma amiga, nos tornamos as melhores amigas delas. Quando eles olham para outra garota, sabemos que gostam da nossa pessoa e aquela garota é só mais uma garota. Que graça tem em discutir com uma namorada que não discute? Com uma namorada que não tem aquela possessividade no olhar?

Estou quase acreditando no conselho de uma amiga e da minha irmã de que "eu tenho que enxergar a beleza na briga". Até agora não consigo enxergar nada de bom, além de duas pessoas loucas brigando porque o controle da tv não está no lugar certo. Mas aqueles benditos namorados gostam tanto daquele modo estranho de demonstrar o amor que eu fico pasma.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Amo-te tanto! E nunca te beijei...

Sim, este é um trecho do poema Versos Que te Fiz de Florbela Espanca que li no blog Rascunhando a Vida da Gabi Nunes, uma grande amiga. Eu li seu blog hoje durante meu trabalho. E justo o verso "Amo-te tanto! E nunca te beijei..." estava em negrito. E posso ser sincera? Me identifiquei.



“- A moça do copo, em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente do quadro a criar laços com os que estão presentes...” Neste momento eu estou um pouco a la "menina do copo" do Fabuloso Destino de Amelie Poulain.



Estou fugindo dos lábios que ficam entreabertos quando olha para mim. Estou fugindo daquele rosto que se abre quando eu apareço e tento não perceber quando ele alisa o cabelo. Estou fingindo não enxergar que as sobrancelhas dele levantam enquanto eu falo. Para falar a verdade, eu gosto do fato de ele se arrumar para me ver e do modo como o copo gira na mão dele, mas eu fujo da reciprocidade dos interesses. Eu descobri que meu contentamento é assisti-lo passar por mim sem ao menos olhar em meus olhos.








Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Caixa de recordações

Neste momento está garoando em Pindamonhangaba. Apesar de adorar o tempo quando está assim, eu não sei tocar violão direito além de Zombie e Ode to my Family. E eu já cansei de tocar estas músicas em dias chuvosos. Pensei em tomar banho ouvindo música pela acústica do banheiro ser ótima. Eu fui ao banheiro. Eu ouvi música. Não tomei banho. Algo brilhou em minha humilde mente esquecida e suja e lembrei da minha caixa de recordações e pensei: "por que não relembrar de coisas legais que aconteceram?" Relembrei.

Durante muito tempo mantive aquela caixa fechada e só abria para colocar novos objetos para recordação. Mas nunca mais parei para olhar com cuidado cada coisa. Pasmei! Além de muita poeira havia cartas do Elton de Salvador, carta do D.Laos (Nocturno) do Rio de Janeiro, carta da Cynthia da Califórnia e cartinhas que ganhei em mãos de amigos da sala e de encontros que participava. Encontrei lá também bilhetinhos amorosos dos quais eu era a intermediária. Sim, eu sou um ótimo cupido, mas preciso da Afrodite para resolver minha vida, porque o filho não está dando conta. Fato! Mas voltando... Encontrei desenhos. Muitos desenhos! E descobri de onde vem minha frustração por não saber desenhar rostos. Eu nunca soube, apesar de tentar desenhar o perfil de Marilyn Manson e Shavo Odadjian. Então fiquei nos bonecos pseudo-Tim Burton que eu ganho mais. Encontrei cadernos antigos, lembranças de shows que fui e fotos, muitas fotos. Encontrei a palheta de Yves Passarell e a baqueta do Fê Lemos autografada pelo Léo Soares. Sim, o Léo!

Apesar de ter encontrado coisas mirabolantes, o que aguçou meu sentimento hiperbólico de loucura e satisfação foi que no meio de todas aquelas lembrancinhas, lá estavam as minhas letras de música que eu nunca mostrei para ninguém além dos meus pais e minha irmã. Descobri que ler a mim mesma como mera leitora é interessante. Óbvio. As letras são bestas e sem nenhum sentido, mas conforme eu lia, lembrava do que acontecia na época da qual geraram tais letras. E descobri que minha vida não era tão pacata assim. E que em dias chuvosos como este eu passava as tardes escrevendo, enquanto hoje eu entro em desespero por não ter o que fazer. Trágico!


Antena Parabólica (Carolina Cruz)

Por favor, uma mesa para dois?
Hoje almoçarei comigo mesma
Deixarei compromissos para depois
E as consequências debaixo dos lençóis

Através da janela do quarto
Assisto a um canal pacato
Uma reprise barata de um fato
Mantido num lindo porta-retrato

Planejo nossa futura casa
Onde eu morarei só
Com uma velha antena parabólica
Que em ruídos e poucos pixels
Me mostrará tudo de forma hiperbólica

Uma rosa do jardim vizinho
Hoje comemoraremos um dia comum
Misturaremos bálsamo do ofurô de vinho

Através da janela do quarto
Assisto a um canal pacato
Uma reprise barata de um fato
Mantido num lindo porta-retrato

sábado, 5 de março de 2011

Carta a uma grande amiga



Le Rosa e Dogão acabaram de sair de casa. Meus pais estão dormindo e meu irmão também. Eu dei boa noite e disse "eu te amo". Sim, eu os amo. Eu ía dormir também, mas são 3h59 e eu ainda não consegui pegar no sono. E cá estou eu... Acordada.



Eu estava pensando sobre uma pergunta retórica que você havia feito "Do que eu vou sentir mais falta quando você for embora? De abrir a porta do quarto e de saber que vc está bem, e em casa". E você acabou saindo de antes de mim e sou eu quem abre a porta e vejo que você não está. É duro ver que você cresceu e que em quatro anos as coisas vão mudar e que talvez alguns pensamentos não façam tanto sentido e que a descarga no banheiro nos signifique apenas um estado fisiológico. Não é.



As pessoas me perguntavam se eu iria sentir falta de você quando você fosse embora e eu disse que sim, mas de forma superficial. Afinal de contas, faculdade é uma época legal e eu, como uma graduanda sei o que é interessante. Não percebi o quanto foi difícil falar algo além de um contido "te amo" durante aquele abraço de despedida. Admito que também não estava preparada para dizer "até logo" e tentei ficar um pouco distante, mas não deu. E neste momento eu ouço Sentimental do Los Hermanos e lembro de quando fazemos caras diferentes em frente ao espelho para ver o quanto somos iguais. De quando tomamos açaí nas tardes de sábado e sempre passamos nas lojas e pegamos várias roupas para experimentar e fazer ensaios fotográficos para o álbum de fotos do Orkut com roupas legais. Eu sinto falta da briga por eu pegar uma roupa emprestada sem pedir, pelo som alto no banheiro que não te deixa dormir ou assistir à TV. Sinto falta de me trancar no quarto com você para falar sobre aquele cara que eu gosto TANTO. De tomar seu tempo com perguntas das quais já tenho a resposta. Sim, eu confio em sua perspectiva. Quero contar para você como foi meu dia e ver sua histeria quando eu lhe disser que aquele cara me chamou para sair. Sim, nós ainda tomaremos nosso chá das cinco em um bar de Londres e falaremos sobre nossos maridos independentes durante um encontro repentino em uma calçada na Itália.



São 6h02 e eu ainda estou sem sono. Ah! Só para frisar: Não, os jornalistas jamais tomarão o lugar dos publicitários. E eu descobri que não tem tanta graça usar nosso lança perfume baseado em Rexona rosa e cantar desafinadamente alto "chega simples como um temporal" sem você. Amo você, irbã!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cadê a devassidão da Sandy?


As propagandas da Devassa são as mais legais. Adoro aquele duplo sentido pejorativo que eles impõe nas campanhas que sempre saem foram do ar pelo CONAR e que causam burburinho na internet, do qual o CONAR não pode impedir. Sempre gostei das propagandas polêmicas a la Benetton. Perdão, mas adoro o espanto positivamente negativo que existe nas consequências de uma propaganda.

No entanto, cá estava eu em meu humilde trabalhinho, olhando para o Twitter, quando algo me chamou atenção "Sandy é a nova musa da Devassa". O queeeeee? A Sandy? No mínimo deve ter levado a sério a letra "eu cresci agora sou mulher" e decidiu encarar com uma fé sua devassidão. NÃÃÃÃÃO! Eu tive que assistir. Assisti. Não gostei.



Que todo mundo tem um lado devassa eu sei. A sacada do comercial é bem interessante, porque até a @SandyLeah deve ter um lado devasso beeeem escondido naquele coração adocicado de princesa da Disney, que por sinal eu detesto. Óbvio, que a marca desejava despertar o buzz sobre tal campanha. E despertou. Só que reverso, porque a cerveja ficou em segundo plano e a hashtag #SandyFacts virou Trending Topic no Twitter que ganhou até um post bem divertido no blog Testosterona.

Sim! Eu achei a campanha desalinhada não só pelo fato de a namoradjééénha do Brasil ter deixado a desejar quanto a sua atuação como "gostosa da devassa", mas o fato de a agência não ter dado atenção aos gostos da esposa de Lucas Lima quanto a bebidas. Afinal de contas, a Sandy revelou para o Conexão Direta na GNT há três meses que não gosta de cerveja "Acho amargo. Gosto de bebidas mais docinhas." Assistam aí:



E seguindo a maré... A Sandy é tão devassa que nem bebe cerveja #SandyFacts

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Banho com som alto e luz baixa. Mui Bueno!

Acabei de voltar do banho num banheiro escuro ao som dos Smiths. Será que teria coisa melhor? Não, não acabou a luz de casa. Eu gosto de tomar banho na penumbra e com o som ligado no último mesmo. É instigante, apenas de ser assustador. Eu viciei em banhos, porque agora minha mãe comprou um cachorrinho da Imaginarium que tem o volume máximo muito máximo e não precisa de pilha. É incrível!


Bem, Faz um tempo que eu não posto aqui no blog, mas estou preparando posts bem legais sobre um cotidiano meio distorcido do qual somente a minha pessoa tem o privilégio de enxergar. Sim, tem coisas bem interessantes. Um post sobre o ano de 2010 INTEIRO (yes, contarei tudo o que aconteceu que talvez você que está lendo agora não soube ou nem queira saber, mas vou contar assim mesmo). Vários posts sobre a continuação da crônica verídica de "A Vidente do Amor" e otras cositas más.



É, só para constar, além do vício em banhos com som e penumbra, estou com um vício besta em jogar UNO... oO

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Paul McCartney no Brasil?! EU FUI!

Este post é retardatário, mas só agora (acreditem) eu consegui colocar as coisas em ordem para não escrever palavras e sim sentimentos emPAULgantes. Oh! Que trocadilho legal, né?!


Quando eu era pequena, um dos presentes que eu mais gostei de ganhar de aniversário foi um pianinho com músicas pré estabelecidas, isto é, não tinha como tocar errado (ótimo para os pais). E neste entretenimento infantil tinha uma musica da qual me emocionava muito e pelo sentimento, eu resolvi criar uma música com uma letra que falava sobre meu falecido avô. Eu tinha uns 6 anos e a letra ficou uma bosta, mas a intenção foi boa, afinal de contas para uma garotinha magrelinha, de cabelos gigantes e lusos com dentes pequenos a letra ficou impressionante. O que isto tem a ver com Beatles? EVERYTHING! Esta música da qual me emocionava eu descobri que era Let It Be, da qual me emociona até hoje! E assistir esta música sendo tocava ao vivo em minha frente foi mais que emocionante. Foi tão grandioso e maravilhoso que durante o show do Paul eu acendi meu humilde isqueirinho verde, chorei ininterruptamente, queimei meu dedo, olhava para o lado e todos com cara de bestas, pasmos com o surrealismo do momento.


Sim! Este show foi surreal de uma maneira tão realista que Dalí deva estar se revirando na tumba depois deste trocadilho besta que fiz agora, mas tudo bem.





Era 20 de novembro e eu tinha pagado o Planeta Terra, mas resolvi de última hora não ir, porque queria passar um tempo com minhas amigas. E passei! Foi a uma balada da faculdade (sim, foi beeem legal). Estava voltando de uma festa com duas amigas, todas de vestidinhos curtos, maquiagem quase toda fora do rosto, olhos minúsculos, saltos altos, penteados despenteados, sentadas desajeitadamente dentro de um Celta vermelho (óbvio que fiz piadas sobre celtas). Fui ver as horas em meu celular, mas algo estava atrapalhando a minha visão: o aviso de uma chamada perdida. Eu tirei o aviso, fui ver as horas (eram 4h38), voltei ao número perdido e liguei à cobrar de volta. Quem liga às 2h48 aceita uma ligação às 4h42, imagino eu. O cara atendeu!


Cal: Alô (bêbada)
O número estranho: Hello!
Cal: Quem está falando?
O número estranho: É Douglas.
Cal: Douglas? (as meninas gritam do lado falando besteirinhas e eu dou muita risada)... Aaaaah! Dogão? Como assim?! O que você faz acordado essas horas, meu? (mais risada)
O número estranho: Ah, quero te convidar pra sair com a gente.
Cal: (risadas) Pra onde?
O número estranho: Vâmo pro show do Macca?
Cal: Meu Deus, quem é esse?
O número estranho: O tio Macca, o Paul McCartney!
Cal: (gargalhada descontrolada) Que besta, meu! Para de mentir, mas eu quero ir sim se for verdade! (risada desconfiada) Eu tenho que pagar alguma coisa? Porque eu estou sem muitos dinheiros.
O número estranho: Não! A gente tem in
gresso, é só ir.
Cal: ("cardipasma" = cara de pasma) Meu Deus! Eu quero. Ai meu Deus, eu não sei. Você tem alguém mais para chamar? Se tiver pode chamar, porque eu tenho que avisar meus pais pelo menos.
O número estranho: Tenho, tenho sim. Mas avisa lá e vamos.
Cal desliga: tu tu tu tu tu...


Óbvio que deu tudo certo, eu fui, foi incrível e eu agradeço à Sukita e à Lê pela paciência. Afinal de contas, a proposta de domingo era passar o dia nadando e falando besteiras, no final cada uma passou em suas casas e eu fui no Paul, mas valeu a pena e as meninas entenderam que a piscina sempre estará aqui e o Paul não. Ohhh! Que gracinhas.


Well, entramos no estádio às 16h35. Tiramos fotos legais e as clichês de shows grandes "amigos em foco e palco desfocado atrás", é a famosa foto "eu estava lá mesmo!". E estávamos! Conhecemos fãs antigos dos Beatles, conhecemos uma menina louca, ficamos amigos dela e eu aceitei tudo o que ela oferecia (biscoitinhos, bala e até bolacha água e sal que ninguém sente vontade de comer). E enfim o show começou e o Paul entrou depois de 7 minutos de uma apresentação fabulosa de fotos e filmes dos Beatles que me emocionou muito.





"Oi! Tudo bem? Hoje eu vou tentar falar português, mas vou falar mais inglês." Foi a primeira coisa que ele disse depois de ter entrado e cantado a primeira música. Não! Eu não traduzi para o português, ele falou em português. Não é perfeito? Entre outras músicas ele sempre acabava lançando umas palavras em português sem aquele sotaque "Dr. Rey", mas bem brasileiro para um inglês de Liverpool. É engraçado saber que algumas músicas faziam-me lembrar de algumas pessoas, então em algumas músicas que eu sabia que determinas pessoas iriam gostar de ouvir ao vivo eu ligava para ela para que ela pudesse ouvir comigo. Liguei para a Jack, Tumaki, meu irmão, minha mãe e para a Jack de novo, desta vez para ouvir Hey Jude! junto comigo. Foi bem bonito.


Mas devo admitir que a parte mais surreal do show da qual me chocou, me deixou super abalada de tal forma que eu realmente entreguei minha alma a uma força superiora sem saber o que era, foi quando o Paul cantou Give Peace a Chance. Meu Deus! Me senti em Woodstock, eu via as pessoas lá na pista pulando e virando cambalhota feito loucas, pessoas de abraçando, um cara esquisito cantando para todo mundo ouvir e nós. Todos da plateia estavam com bexigas brancas, as luzes do estádio se apagaram e no palco só se via o símbolo da paz em branco num fundo preto e um foco de luz no Paul e de repente todos os instrumentos pararam de tocar e o Paul parou de cantar. Só a plateia clamava "All we are save, give peace a chance!" como se fosse um mantra. Sim! Sabe quando você sente aquele arrepio estranho, quando sua voz já não é sua voz e sente que John Lennon está presente naquele exato momento no meio de todos que estavam ali? Céus! Foi muito mais que isto, foi completo. Foi perfeito! E eu chorei. Sim, eu chorei.


Ao final, quando cheguei em casa, olhei para o teto e pensei: "eu sonhei ou estou louca achando que fui ao show do Paul quando na verdade só assisti pela tv?" foi aí que eu peguei o ingresso e fiquei olhando durante longos e desesperados dois minutos, quando caí em mim e antes de me lembrar que estava cansada e precisava dormir para seguir minha vida no dia seguinte eu sorri e me lembrei de TODOS os momentos e fiquei ansiosa para contar TUDO sobre o melhor domingo de minha vida. Obrigada Dogs, Lê Rosa e Bruno.