quarta-feira, 23 de março de 2011

Amo-te tanto! E nunca te beijei...

Sim, este é um trecho do poema Versos Que te Fiz de Florbela Espanca que li no blog Rascunhando a Vida da Gabi Nunes, uma grande amiga. Eu li seu blog hoje durante meu trabalho. E justo o verso "Amo-te tanto! E nunca te beijei..." estava em negrito. E posso ser sincera? Me identifiquei.



“- A moça do copo, em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente do quadro a criar laços com os que estão presentes...” Neste momento eu estou um pouco a la "menina do copo" do Fabuloso Destino de Amelie Poulain.



Estou fugindo dos lábios que ficam entreabertos quando olha para mim. Estou fugindo daquele rosto que se abre quando eu apareço e tento não perceber quando ele alisa o cabelo. Estou fingindo não enxergar que as sobrancelhas dele levantam enquanto eu falo. Para falar a verdade, eu gosto do fato de ele se arrumar para me ver e do modo como o copo gira na mão dele, mas eu fujo da reciprocidade dos interesses. Eu descobri que meu contentamento é assisti-lo passar por mim sem ao menos olhar em meus olhos.








Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Caixa de recordações

Neste momento está garoando em Pindamonhangaba. Apesar de adorar o tempo quando está assim, eu não sei tocar violão direito além de Zombie e Ode to my Family. E eu já cansei de tocar estas músicas em dias chuvosos. Pensei em tomar banho ouvindo música pela acústica do banheiro ser ótima. Eu fui ao banheiro. Eu ouvi música. Não tomei banho. Algo brilhou em minha humilde mente esquecida e suja e lembrei da minha caixa de recordações e pensei: "por que não relembrar de coisas legais que aconteceram?" Relembrei.

Durante muito tempo mantive aquela caixa fechada e só abria para colocar novos objetos para recordação. Mas nunca mais parei para olhar com cuidado cada coisa. Pasmei! Além de muita poeira havia cartas do Elton de Salvador, carta do D.Laos (Nocturno) do Rio de Janeiro, carta da Cynthia da Califórnia e cartinhas que ganhei em mãos de amigos da sala e de encontros que participava. Encontrei lá também bilhetinhos amorosos dos quais eu era a intermediária. Sim, eu sou um ótimo cupido, mas preciso da Afrodite para resolver minha vida, porque o filho não está dando conta. Fato! Mas voltando... Encontrei desenhos. Muitos desenhos! E descobri de onde vem minha frustração por não saber desenhar rostos. Eu nunca soube, apesar de tentar desenhar o perfil de Marilyn Manson e Shavo Odadjian. Então fiquei nos bonecos pseudo-Tim Burton que eu ganho mais. Encontrei cadernos antigos, lembranças de shows que fui e fotos, muitas fotos. Encontrei a palheta de Yves Passarell e a baqueta do Fê Lemos autografada pelo Léo Soares. Sim, o Léo!

Apesar de ter encontrado coisas mirabolantes, o que aguçou meu sentimento hiperbólico de loucura e satisfação foi que no meio de todas aquelas lembrancinhas, lá estavam as minhas letras de música que eu nunca mostrei para ninguém além dos meus pais e minha irmã. Descobri que ler a mim mesma como mera leitora é interessante. Óbvio. As letras são bestas e sem nenhum sentido, mas conforme eu lia, lembrava do que acontecia na época da qual geraram tais letras. E descobri que minha vida não era tão pacata assim. E que em dias chuvosos como este eu passava as tardes escrevendo, enquanto hoje eu entro em desespero por não ter o que fazer. Trágico!


Antena Parabólica (Carolina Cruz)

Por favor, uma mesa para dois?
Hoje almoçarei comigo mesma
Deixarei compromissos para depois
E as consequências debaixo dos lençóis

Através da janela do quarto
Assisto a um canal pacato
Uma reprise barata de um fato
Mantido num lindo porta-retrato

Planejo nossa futura casa
Onde eu morarei só
Com uma velha antena parabólica
Que em ruídos e poucos pixels
Me mostrará tudo de forma hiperbólica

Uma rosa do jardim vizinho
Hoje comemoraremos um dia comum
Misturaremos bálsamo do ofurô de vinho

Através da janela do quarto
Assisto a um canal pacato
Uma reprise barata de um fato
Mantido num lindo porta-retrato

sábado, 5 de março de 2011

Carta a uma grande amiga



Le Rosa e Dogão acabaram de sair de casa. Meus pais estão dormindo e meu irmão também. Eu dei boa noite e disse "eu te amo". Sim, eu os amo. Eu ía dormir também, mas são 3h59 e eu ainda não consegui pegar no sono. E cá estou eu... Acordada.



Eu estava pensando sobre uma pergunta retórica que você havia feito "Do que eu vou sentir mais falta quando você for embora? De abrir a porta do quarto e de saber que vc está bem, e em casa". E você acabou saindo de antes de mim e sou eu quem abre a porta e vejo que você não está. É duro ver que você cresceu e que em quatro anos as coisas vão mudar e que talvez alguns pensamentos não façam tanto sentido e que a descarga no banheiro nos signifique apenas um estado fisiológico. Não é.



As pessoas me perguntavam se eu iria sentir falta de você quando você fosse embora e eu disse que sim, mas de forma superficial. Afinal de contas, faculdade é uma época legal e eu, como uma graduanda sei o que é interessante. Não percebi o quanto foi difícil falar algo além de um contido "te amo" durante aquele abraço de despedida. Admito que também não estava preparada para dizer "até logo" e tentei ficar um pouco distante, mas não deu. E neste momento eu ouço Sentimental do Los Hermanos e lembro de quando fazemos caras diferentes em frente ao espelho para ver o quanto somos iguais. De quando tomamos açaí nas tardes de sábado e sempre passamos nas lojas e pegamos várias roupas para experimentar e fazer ensaios fotográficos para o álbum de fotos do Orkut com roupas legais. Eu sinto falta da briga por eu pegar uma roupa emprestada sem pedir, pelo som alto no banheiro que não te deixa dormir ou assistir à TV. Sinto falta de me trancar no quarto com você para falar sobre aquele cara que eu gosto TANTO. De tomar seu tempo com perguntas das quais já tenho a resposta. Sim, eu confio em sua perspectiva. Quero contar para você como foi meu dia e ver sua histeria quando eu lhe disser que aquele cara me chamou para sair. Sim, nós ainda tomaremos nosso chá das cinco em um bar de Londres e falaremos sobre nossos maridos independentes durante um encontro repentino em uma calçada na Itália.



São 6h02 e eu ainda estou sem sono. Ah! Só para frisar: Não, os jornalistas jamais tomarão o lugar dos publicitários. E eu descobri que não tem tanta graça usar nosso lança perfume baseado em Rexona rosa e cantar desafinadamente alto "chega simples como um temporal" sem você. Amo você, irbã!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cadê a devassidão da Sandy?


As propagandas da Devassa são as mais legais. Adoro aquele duplo sentido pejorativo que eles impõe nas campanhas que sempre saem foram do ar pelo CONAR e que causam burburinho na internet, do qual o CONAR não pode impedir. Sempre gostei das propagandas polêmicas a la Benetton. Perdão, mas adoro o espanto positivamente negativo que existe nas consequências de uma propaganda.

No entanto, cá estava eu em meu humilde trabalhinho, olhando para o Twitter, quando algo me chamou atenção "Sandy é a nova musa da Devassa". O queeeeee? A Sandy? No mínimo deve ter levado a sério a letra "eu cresci agora sou mulher" e decidiu encarar com uma fé sua devassidão. NÃÃÃÃÃO! Eu tive que assistir. Assisti. Não gostei.



Que todo mundo tem um lado devassa eu sei. A sacada do comercial é bem interessante, porque até a @SandyLeah deve ter um lado devasso beeeem escondido naquele coração adocicado de princesa da Disney, que por sinal eu detesto. Óbvio, que a marca desejava despertar o buzz sobre tal campanha. E despertou. Só que reverso, porque a cerveja ficou em segundo plano e a hashtag #SandyFacts virou Trending Topic no Twitter que ganhou até um post bem divertido no blog Testosterona.

Sim! Eu achei a campanha desalinhada não só pelo fato de a namoradjééénha do Brasil ter deixado a desejar quanto a sua atuação como "gostosa da devassa", mas o fato de a agência não ter dado atenção aos gostos da esposa de Lucas Lima quanto a bebidas. Afinal de contas, a Sandy revelou para o Conexão Direta na GNT há três meses que não gosta de cerveja "Acho amargo. Gosto de bebidas mais docinhas." Assistam aí:



E seguindo a maré... A Sandy é tão devassa que nem bebe cerveja #SandyFacts