quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Papo de ônibus - Parte I

Há muito tempo pensei em fazer uma coluna diária sobre um dado assunto. Conversas com estranhos. Talvez estranhos conhecidos, ou simplesmente estranhos.
Há algum tempo tem sido frequente minhas idas e vindas dentro de um ônibus. Embora não passe grande parte do tempo dentro daquele veículo coletivo, no momento em que desfruto do incômodo estofado eu observo pessoas e muitas vezes converso com elas. Eu acho interessante.

Já conheci muitas pessoas dentro daquela imensidão volumosa. Hare Krishna que usam chinelo Havaianas, adolescentes que já são mães de dois filhos e está esperando o terceiro, mulheres mais velhas que engravidaram pela primeira vez, idosa que fugiu de casa, velhinhos que não se conformam com o mundo atual.

Uma vez voltei de Guarátinguetá até Pinda junto com um emo, e você não acredita: sim! Cantamos Cansei de Ser Sexy, dançamos e mexemos com "bofes" da rua. Detalhe: nós nunca tínhamos nos visto na vida. O nome dele? Eu não lembro, mas gostava de ser chamado de Cavalheiro.

Já sentou ao meu lado uma mulher que era nova na cidade e estava gostando de sua primeira perspectiva da cidade: "um lugar parado, mas que é gostoso de se viver" foram com estas palavras mesmo. Uma garotinha sentou ao meu lado uma vez, o nome dela era Beatriz. Eu me lembro, porque este era um nome do qual eu adorava quando era pequena, mas que tenho repulsa hoje em dia.

Teve um episódio também em que eu fui nua entrevista de emprego. Era véspera de Dia das Crianças. Passei por vários presídios na ida e tudo tranquilo. Passei por váios presídios na volta e o ônibus encheu. Sim! Aconteceu o que você provavelmente está pensando, eram os detentos no induto de Dia das Crianças. Talvez fossem assistir os filhos que ainda pensam em ter, quem sabe?! Audácia. Sentou ao meu lado a esposa de um deles. O que eu fiz? Fui ler um bom livro: "Mais Platão, Menos Prozac". Interessante para aquele momento.

E são com as clichês preocupações com o tempo que aquele diálogo (muitas vezes monólogo) começa. E desta maneira eu aprendo, ensino, me surpreendo e às vezes até me assusto, mas são ócios do ofício. Simples assim!

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