domingo, 8 de maio de 2011

Minha esquizofrenia alheia a mim

Prazer, sou Carolina Cruz. Uma personalidade da qual a disseminação se desintegra a cada olhar que a observa. Não estou brincando, são muitos olhares. Muitos pedaços. Uma convergência que não se converge em ponto algum. Simples de explicar, embora seja difícil de entender. Acredito, posso lhe explicar com detalhes este conhecimento sem um mínimo de entendimento, basta acreditar. Você acredita? Então dê sua mão.

Durante minha infância minha avó me criticava o fato de eu usar calças e shorts ao invés de vestidos e saias. Eu gostava de vestidos e saias, mas minha justificativa para não usá-los era que "não dá pra correr e subir na sua árvore, vó!" Ela não entendia. Vendo que a crítica às roupas não estava alavancando nenhuma atitude, voltava aquela velha novamente com a ladainha da babosa para os meus cabelos ficarem iguais ao da outra garota. Você acha que uma garota de sete anos em 1995 iria se preocupar com cabelos sedosos? Eu digo em 1993, porque hoje em dia as meninas nascem de maquiagem feita, sem hímen e com um pote de hidratante capilar nas mãos.

Mas afinal, descobri minhas diversas facetas em uma das minhas andanças profissionais. Sou de Pindamonhangaba, aqui as pessoas têm muitos tabus ainda. Então fui respirar outros ares e migrei para uma cidade maior, mais próxima à São Paulo, ou seja, pessoas com mente aberta e papos interessantes. Cheguei, falei com um ou outro, tentei ficar mais próxima das meninas para parecer legal, mas na primeira semana acabei indo almoçar com o cara que fumava maconha, outro que era fissurado em video-games, outro que curtia futebol e um maçon. Pronto! Formei meu grupinho de conversas no Gtalk, duplas para o Street Fighter de sexta na sala de cima e para os devaneios sobre todas as coisas do mundo. Cool! Minha motivação para o trabalho eram as pessoas, além do trabalho e das viagens à São Paulo onde eu voltava morta.

Lembra o que eu havia dito sobre as pessoas de mente aberta e papos interessantes? Puro engano. Através das minhas atitudes, até então, minha personalidade começou a ser lapidada por uma terceira pessoa ofuscada para mim, apesar de seu imenso tamanho. Então as amizades masculinas eram consideradas promiscuidade, meus assuntos sobre futebol e video-games eram considerados um pressuposto ao lesbianismo e quando decidi acabar com toda a palhaçada e me calar, cogitaram uma gravidez. Sim, a interação era leviana e a alienação gestacional. Pasmei com a quantidade de persona um indivíduo apenas pode possuir através de olhares alheios. Isso me afetou? Claro! Morri.

Não gosto do maniqueísmo imposto pela sociedade onde as mulheres devem ser boazinhas, cruzar as pernas e sorrir. Adoro me arrumar, cuidar do cabelo e falar sobre corpos masculinos e sobre o look horrível daquela garota da faculdade, mas não dispenso o futebol da sexta, as partidas de Mortal Kombat na casa do Tumaki, Kinect com a Morgana e as longas conversas sobre relacionamentos ideais com o Dogão. Se o feminismo extremo ainda paira sobre a doçura a la Victoria Secret's, pode queimar quantos sutiãs forem preciso. Não adianta! Determinação e atitude não combinam com voz de veludo. Sinto muito.

2 comentários:

Endiara Cruz disse...

Não acredito que não fui citada! hahaha.

Não se engane com minha doce voz de veludo e meu gosto compulsivo por esmaltes. Sou como você!


Amei o post, irbã!
Amo você!

Carolina Cruz disse...

Ah, jamais resistiríamos à pequena escravidão dos oleozinhos de pepino ou esfoliações a base de mel e açúcar. Somos femininas e queremos estar bonitas para os nossos discursos liberais, né?!

Te amo, pequena bambina!