Cultura Inútil

Certo dia lá estava eu no sofá marfim de minha sala, assistindo o escrachado Pânico na TV com meu irmãozinho. De repente um reporter do programa fez perguntas à algumas pessoas que passavam pela rua de São Paulo:

Quem é o atacante do São Paulo?

É o Adriano, pô!

Quem é o governador de São Paulo?

Ah, sei lá!

Qual o último eliminado no BBB?

O Marcelo.

Quem é o vice presidente do Brasil?

Ai, você me pegou. Não sei.

Aí depois vez o comentário final:

Vocês viram? Depois o Lula que não sabe de nada!

Visando a alienação de uma parte da população e a (falta de) cultura do "humiRde" Lula, ambos estão no mesmo patamar.

Na realidade, eu não culpo a público por dar valor a conteúdos sem muito valor, a própria televisão produz um fenômeno de massificação que nos ilude com adoráveis finais felizes, nos induzindo a não pensar. Mas aí vem a BOMBA! Nós pensamos...

Quer uma rede de televisão mais maniqueísta do que a Globo? Eles ainda estão naquele velho clichê de que o mau é SEMPRE o mau, e que o bonzinho é SEMPRE o bonzinho. É aquela velha regra de três: José de Alencar está para Iracema, assim como a Globo está para América.

Não posso deixar de comentar sobre as apresentações dos debates políticos que induzem você ao voto de certo candidato, o que ocorreu com Fernando Collor de Melo em 1989. E querendo ou não, também aconteceu nas eleições de 2002 quando Luiz Inácio Lula da Silva levou a esquerda ao poder. E que por um MERO acaso, era o concorrente de Collor naquela época. Coincidência, não acha?!

Perdoe minha pretensão, senhor presidente, mas enfim, vivemos numa sociedade que esculpe apartir de um "metalúrgico cefalópodes" exemplos de garra e determinação, idolatrando-o, porque, mesmo sem estudos, ele teve até a capacidade de governar um país, o Brasil.

Depois disso tudo, eu não me surpreenderia se quando eu estivesse numa conversa, vulgarmente civilizada, alguém virasse para mim com toda a perplexibilidade do mundo e gritasse: VOCÊ NÃO VIU QUEM GANHOU O BBB? Como se o Grande Irmão fosse o Deus e nós fôssemos os ingratos Winston Smith...