segunda-feira, 7 de março de 2011

Caixa de recordações

Neste momento está garoando em Pindamonhangaba. Apesar de adorar o tempo quando está assim, eu não sei tocar violão direito além de Zombie e Ode to my Family. E eu já cansei de tocar estas músicas em dias chuvosos. Pensei em tomar banho ouvindo música pela acústica do banheiro ser ótima. Eu fui ao banheiro. Eu ouvi música. Não tomei banho. Algo brilhou em minha humilde mente esquecida e suja e lembrei da minha caixa de recordações e pensei: "por que não relembrar de coisas legais que aconteceram?" Relembrei.

Durante muito tempo mantive aquela caixa fechada e só abria para colocar novos objetos para recordação. Mas nunca mais parei para olhar com cuidado cada coisa. Pasmei! Além de muita poeira havia cartas do Elton de Salvador, carta do D.Laos (Nocturno) do Rio de Janeiro, carta da Cynthia da Califórnia e cartinhas que ganhei em mãos de amigos da sala e de encontros que participava. Encontrei lá também bilhetinhos amorosos dos quais eu era a intermediária. Sim, eu sou um ótimo cupido, mas preciso da Afrodite para resolver minha vida, porque o filho não está dando conta. Fato! Mas voltando... Encontrei desenhos. Muitos desenhos! E descobri de onde vem minha frustração por não saber desenhar rostos. Eu nunca soube, apesar de tentar desenhar o perfil de Marilyn Manson e Shavo Odadjian. Então fiquei nos bonecos pseudo-Tim Burton que eu ganho mais. Encontrei cadernos antigos, lembranças de shows que fui e fotos, muitas fotos. Encontrei a palheta de Yves Passarell e a baqueta do Fê Lemos autografada pelo Léo Soares. Sim, o Léo!

Apesar de ter encontrado coisas mirabolantes, o que aguçou meu sentimento hiperbólico de loucura e satisfação foi que no meio de todas aquelas lembrancinhas, lá estavam as minhas letras de música que eu nunca mostrei para ninguém além dos meus pais e minha irmã. Descobri que ler a mim mesma como mera leitora é interessante. Óbvio. As letras são bestas e sem nenhum sentido, mas conforme eu lia, lembrava do que acontecia na época da qual geraram tais letras. E descobri que minha vida não era tão pacata assim. E que em dias chuvosos como este eu passava as tardes escrevendo, enquanto hoje eu entro em desespero por não ter o que fazer. Trágico!


Antena Parabólica (Carolina Cruz)

Por favor, uma mesa para dois?
Hoje almoçarei comigo mesma
Deixarei compromissos para depois
E as consequências debaixo dos lençóis

Através da janela do quarto
Assisto a um canal pacato
Uma reprise barata de um fato
Mantido num lindo porta-retrato

Planejo nossa futura casa
Onde eu morarei só
Com uma velha antena parabólica
Que em ruídos e poucos pixels
Me mostrará tudo de forma hiperbólica

Uma rosa do jardim vizinho
Hoje comemoraremos um dia comum
Misturaremos bálsamo do ofurô de vinho

Através da janela do quarto
Assisto a um canal pacato
Uma reprise barata de um fato
Mantido num lindo porta-retrato

Um comentário:

Rhainer disse...

Ola mocinha como vai?
faz muito tempo que não nos falamos
achei super interessante teus últimos post... adorei as observações femininas com relação a Sandy no boteco.
As vezes costumo olhar minhas antigas escrituras no meu fotolog e antigas letras de musicas...
Realmente é interessante.

Cuida te.